domingo, 27 de março de 2011

Se você não gostou do título, então nem leia o conteúdo.

O sol que iluminava todo o quarto me acordou. Minhas oito horas de sono não estavam completas, pestanejei com a claridão e fui cambaleando até o banheiro. Olhei-me no espelho, o mesmo rosto de sempre estava lá.
Hoje não tinha aula, nem iria ao trabalho. Morava sozinha, quer dizer, eu e o Fido, meu companheiro fiel. Hoje seria um longo dia.
A chuva ameaçava cair lá fora. Tentei não pensar em todas as pessoas, com suas famílias perfeitas, indo viajar e/ou passear. Minha família era o Fido, e não era uma boa ideia sair com ele.
Ainda cambaleando, bati a cabeça na cômoda velha do meu quarto.
- Merda! - foi a primeira coisa que escapou da minha boca - Porcaria de entulho! - chutei-a, e, logo em seguida, quebrei um fundo falso, que nem eu mesma sabia que existia.
No começo, não notei nada além dos meus cadernos do Fundamental II, mas quando comecei a limpá-los, apareceu aquele meu velho conhecido diário lilás, com quem sempre compartilhei meus segredos de garota mimada. Iam de desabafos sem motivos:
"Hoje eu briguei muito com a mamãe, ela não me deixou ir a festa de formatura. E daí que só tenho 12 anos? Juro que vou fazer greve de fome, a mamãe não aguenta me ver sem comer."
Até declarações a garotos que nem lembrava mais da existência:
"A Mariana me disse que o Paulinho gosta de mim. Mas eu não gosto dele, todo mundo sabe disso. O Júlio é minha alma gêmea."
"Querido diário, o Júlio é um bocó. Acredita que ele me deu um fora? Como alguém pode me dispensar? Não importa, agora eu amo o Matheus."
"O Matheus me trocou por outra. Fiquei com tanta raiva que discuti com o papai por uma besteira, e agora ele me mandou ficar de castigo aqui, no quarto."
Passei mais as páginas, os anos iam passando em frações de segundos. Minha cabeça girava, era muito passado em pouco presente.

"Melhor amiga, estaremos sempre juntas."

"Nossa amizade pode ter até meio, mas nunca terá fim."

"Minha única alma gêmea."

"Eu sempre te amarei."

Nada disso era verdade, no final. Amigas eu trocava com a mesma facilidade que trocava de roupas, nenhuma delas foi eterna. Na verdade, nem sei se elas ainda vivem. Os meus "amores", não eram amores. Amor? Nem sei se conheço isso ainda.
A última página foi uma facada no meu coração:
"A mamãe e o papai estão muito doentes, eles não querem me contar, mas eu sei disso. Eu não sei, eu sinto. Há oito dias eles sofreram um acidente de carro, quando iam me buscar na escola. Agora eu estou com a minha vizinha, porém o papai disse que seria por pouco tempo, e eu prefiro acreditar nisso. Não me deixam visitá-los mais e isso me preocupa. Oro toda noite por eles, eu quero que eles voltem logo para casa."
Eles não voltaram, morreram quando eu tinha 13 anos e isso me causou uma depressão terrível. Essa foi a última coisa que escrevi. Fui mandada a um reformatório, pois antes de morrer meus pais fizeram um testamento deixando tudo para mim, já que era sua única filha.
Eles me protegeram demais do mundo, se descobri tudo o que sei hoje, foi na marra. A vida não perdoa ninguém. E os anos naquele reformatório foram os piores que alguém pode ter. Não, tudo menos relembrá-los.
Ao fazer 18 anos saí de lá, me tornei finalmente independente e não foi tão difícil arranjar um emprego.
Hoje moro sozinha e pago minhas contas, mas ainda estudo porque isso é algo que ninguém pode te tirar, e já me tiraram muita coisa nessa vida, começando pelos meus pais.
Vocês podem pensar que tudo que eu achava que era eterno, nunca foi. Mas folhear aquele diário de trocentas páginas cheio de letras tortas, me fez entender que tudo que já existiu um dia pode ser eterno ou não.  Só depende de você eternizar. Minhas amigas, meus amores, meus pais, vocês estão eternizados em mim.
Eu e minha ânsia de escrever algo deprimente.


quarta-feira, 23 de março de 2011

(In)visível ao amor.

E estava eu ali, vendo ele pela décima quinta vez. Sim, eu contava. Não, não tinha coragem de me aproximar. Sempre fui aquela garota de sonhos roubados e nunca devolvidos, de sorrisos e lágrimas reprimidos, da vontade extrema de querer mudar e do inconstante azar de sempre errar.
Gostava de olhá-lo distante, e perceber que não era a única solitária ali. Ele precisava de alguém, eu também. Acho que ambos precisávamos de coragem. Pena que coragem não é algo que se possa vender, trocar ou sei lá. Não podia me mexer dali, meu destino cruel já estava traçado: seria infeliz, eternamente. Dava para deduzi, ué.

Obrigada Gleice pela sugestão do título :) 

domingo, 20 de março de 2011

[O AMOR CITOU]


Bem que eu queria poder voltar atrás e parar o tempo. Reviver aquele nosso momento centenas de milhares de vezes. Eu poderia viver só dele, viver ele todos os dias, e não me cansaria. Seria a vida mais perfeita, com o alguém mais incrível.

sábado, 19 de março de 2011

A vida está difícil.

Calma... venho acalmar a todos: eu não morri, não me sequestraram e eu não amputei uma das mãos; meus motivos são outros, felizmente, haha. Primeiro, minha Internet esteve com problemas por esses dias, não sei se já comentei isso aqui, mas ela tem "vontade própria". Segundo, a escola me mata. Por que eu não nasci sabendo? Ok, e, terceiro, bem.. não tem terceiro, esses dois motivos já são suficientes para qualquer um ficar 14 dias sem postar (olha a ironia). Pois é. Isso é um pecado mortal para uma blogueira, but, vamos recuperar o tempo perdido com mais um post clichê:



Deitada no seu quarto ela pensava. Cá com meus botões; ela não pensava, ela flutuava pelos seus sonhos, os quais já vivera todos os dias, imaginamente. Já os vivera tanto, que não conseguia achar um final feliz diferente dos trocentos que ela já criara. A vida lá fora a esperava, como a mãe que espera o primeiro dentinho de leite do seu bebê nascer, mas nada. Sonhos alimentam esperanças, mas nunca se deve viver só disso e esquecer a vida, diziam para ela. Ela não acreditava, não queria acredita. “Se eu quero que seja assim, será”, pensava. Não foi.  Mas ela morreu feliz. Imaginação, realidade, qual a diferença? Viver de mentira, viver de verdade?... se você é feliz, talvez nada importe.

Desculpa, mas estou sem inspiração hoje, hihi.

sábado, 5 de março de 2011

Eu posso ser tudo que quiser.


Era um sonho. Uma aspiração daquelas que pairam dentro da nossa mente e que parecem reais. Estava tão envolta que não tive tempo de descartar as possibilidades; talvez descartando, veria que aquilo não teria a mínima chance de não passar de uma simples utopia. Mais uma que eu carrego comigo. Mais uma que me toma e me faz crer que o irreal parece extremamente realizável. Como se minhas fantasias pulassem da minha cabeçinha de vento e dominassem o mundo.
- Não, Luana, nada saiu da sua cabeça oca. Porém, não esqueça: você pode ser tudo que quiser.- repeti três vezes.
Reconfortei-me e voltei a dormir.

Em homenagem ao novo título do blog. É, eu sei que eu mudei o nome faz tempo e tudo mais, mas sempre há tempo, né? kk. Bem, andei sumida porque fiquei um tempo sem internet. Beijo a todos e feliz carnaval! :)