domingo, 24 de julho de 2011

Você pode dirigir com 16, ir para a guerra aos 18, beber aos 21, e se aposentar aos 65. Mas, qual a idade você tem que ter antes que seu amor seja verdadeiro? Já tive aos montes pessoas que não compensam esquentando a cadeira ao lado do cinema, o banco ao lado do carro e o travesseiro extra da cama. E nem por um minuto senti meu peito aquecido. A gente até engana os outros de que é feliz, mas por dentro a solidão só aumenta. Estar com alguém errado é lembrar em dobro a falta que faz alguém certo.    
Remember Me

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Saudade, adianta de quê?


Pegou um álbum velho e limpou a poeira da capa. Tossiu umas três vezes. Oh, quanto tempo!, pensou. Folheou-o com a maior cautela possível, e viveu novamente cada momento que aquelas fotografias eternizaram. Quanta saudade!, bombardeava para si mesmo. Atento a cada detalhe, observava cuidadosamente tudo, afim de resgatar todo momento. Logo sua visão ficou turva, e aí vieram as lágrimas. Lágrimas que desciam pelo seu rosto, inchavam-lhe os olhos, mas que não amenizavam sua saudade, e, pior: não lhe fazia voltar no tempo.

domingo, 10 de julho de 2011


Você pode ter milhões, pode viajar todas as férias, pode ter cinco mansões de luxo, pode comprar as roupas e os sapatos que quiser, pode falar sete idiomas, pode ter empregados que fazem tudo o que você não quer fazer, pode ter um carro para cada ocasião diferente, pode ter toda a tecnologia existente, pode até viajar para Marte... Porém nunca, jamais, em circunstância alguma, você poderá obrigar alguém a te amar, amar verdadeiramente. Sinto muito.

sábado, 9 de julho de 2011

Descoberta

Era um dia normal. Acordei no mesmo horário e fui caminhando até o trabalho, como sempre. Após andar mais ou menos umas duas quadras, encontrei um papel no chão. Estava ali, dobrado, gritando para ser aberto. Não tinha remetente nem muito menos destinatário, e a rua estava vazia. O papel não era meu, mas de quem seria? Como não sabia, pensei que não seria crime abri-lo.
Queria que soubesse que estou nos meus últimos dias. Sei que vou morrer, claro, mas a cada dia que passa sinto a morte mais de perto, e, não vou negar, isso me assusta. Mas não é para contar dos meus medos que te escrevo, mas sim para lhe revelar um segredo que há muito tempo trago comigo. Sei que vai ser um choque, que vai mudar sua vida para sempre, peço que leia com atenção o que vou detalhar, e quero também que tente entender. Vai ser difícil, mas tente.
Num belo verão de 1991, descobri que não poderia ter filhos, ninguém pode sequer imaginar como me senti. Faltava-me vida, porque parei, literalmente, de viver. Meu sonho sempre foi ser mãe, você sabe. Brinquei de boneca até boa parte da adolescência, eu queria ser mãe. Queria. Sempre fui teimosa e persistente, mas contra isso não podia lutar. Doeu muito, muito. Mas isso nada justifica o que fiz lá na frente. Nem justifica o que essa minha atitude causou.
Conheci sua mãe no mesmo ano - sim, não sou sua mãe -, e ela era uma pessoa adorável. Estava passando por um momento difícil, e, juro, a coisa mais difícil que ela fez foi te dar. Ainda lembro dela, magra e pálida, chorando incessantemente, e eu, ali, dizendo que ia cuidar bem de você. Ela logo se foi, porém deixou um pedaço seu comigo, você.
Eu o odiava. E acho que você sempre se perguntou o porquê disso. Eu tinha inveja. Inveja da sua mãe, que doente e pobre, foi feliz, e conseguiu ter um filho, e eu, não. Não sei por que descontei tudo em você. Era como uma birra de criança: sabia que estava errada por isso, mas não queria dar o braço a torcer. Posso imaginar como sofreu. Sinto muito, de verdade. Sinto muito por ter tentado te matar - sabe as janelas abertas? Os comprimidos à mais que te dava? O chão quente que te deixava pisar? As facas com que te deixava brincar? Então.
Mas, além disso tudo, tem outra coisa. Sabe o seu pai? Quando sua mãe o entregou, disse que o marido tinha morrido. E, nesse ponto, não menti para você todos esses anos. Realmente achava que o seu pai estava morto. Porém não está. Foi tudo um grande engano. Seu pai foi atropelado e bateu a cabeça forte, quando acordou, não sabia quem era. Sua mãe enterrou o homem errado, chorou pelo homem errado. Ele o procura. Finalmente lembrou quem é e te procura. Quero que o encontre. Ele está numa das cidades que faz divisa com o nosso Estado. Procure-o. Desculpe por ter te mandado para fora de casa quando fez 18 anos. Espero que esteja bem onde quer que seja. Pode ser difícil acreditar, mas quero te vê feliz. Não sei por que esperei até o final para lhe dizer tudo isso, e te pedir perdão. Você é um bom garoto. Agora sabe que não sou sua mãe , que roubei sua felicidade sem nenhum motivo sensato, e que seu pai está vivo. Quero que seja feliz e que seja bem melhor para os seus - verdadeiros - filhos, do que eu fui para você. Perdão.
Li tudo duas vezes. Nossa. Como um papel tão importante foi parar ali? No meio da rua? Seria alguma brincadeira? Deixei-o no mesmo lugar que o encontrei, sem entender nada. E até hoje, cinco anos depois, não sei se aquela carta foi encontrada pelo tal garoto ou não.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não, não entendo.

- Use esse aqui - disse-lhe apontando um vestido preto, que ela havia comprado recentemente.
- Muito chamativo.
- E esse rosado? - perguntei-lhe novamente.
- Muito criança. Além do mais, não valoriza meus olhos.
Juro que parecia que eu estava mais interessada do que ela, de achar uma roupa ideal para o tal baile da escola.
- Olha, já vimos todas roupas do seu guarda-roupa, e você não gostou de nada. Que diabos você tem? - minha voz saiu um pouco mais alta do que eu queria.
Ela deitou-se na cama, sabia que não ia me responder. Continuei:
- Não te entendo. Estava toda animada há uma semana atrás, pensando em todos os detalhes, e agora que o dia chegou, não se mexe! - desabafei.
- Ahhh, é só a preguiça. - resmungou ela.
- Como sua amiga, exijo que me conte o que se passa na sua cabeça - tentei parecer convincente.
Depois de um tempo, ela se sentou com o travesseiro no colo, podia ver no seu olhar que estava decidindo se contava ou não.
- Está bem - ela por fim disse. E, continuando - Eu me sinto insegura. Não sei se devo mesmo ir.
- Mas você quer ir, não quer? - perguntei, mesmo sabendo que ela queria.
- Sim.
- E qual o problema? Pode me explicar, por favor?
- Olha para mim. Não sei se você me entende, mas eu tenho vergonha.
- Vergonha de ser você? Não, realmente não te entendo. Isso é para os fracos.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não dá mais.

Come up to meet you, tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I had to find you, tell you I need you
And tell you I set you apart
Tell me your secrets, And ask me your questions
Oh let's go back to the start

The Scientist - Coldplay
Tudo era tão perfeito que nem estranhei quando acabou. Você com aquele papo de que eu te ensinei muitas coisas, que nunca vai me esquecer. Só podia dar em algo: no fim. Sofri muito porque realmente te amava. Mas, como tudo nessa vida passa, passou. E agora você vem e traz tudo de volta. Só que agora, talvez eu não queira sofrer novamente. Seu caráter é duvidoso, e seu amor por mim mais ainda. Não quero voltar ao começo, você bem sabe que se voltarmos, o fim pode ser pior. Dessa vez, escolhi ficar com a razão, e não com o coração.