quinta-feira, 30 de agosto de 2012

E foi

É engraçado quando você acha que não vai e acaba indo.
Nesses últimos dias, eu andei muito ocupada e sumida principalmente por um motivo: feira de ciências. Esse ano, depois de muita mudança de tema e insatisfação por minha parte, nossa sala ficou encarregada de criar um Parque Ecológico.
Vejam só, longe de mim essa história de pensar negativo e ser pessimista, mas no começo essa ideia não me agradou nenhum pouco. Tinha certeza de que ia dar problema. Mesmo irritada por ninguém me dar ouvidos, mesmo eu gritando a plenos pulmões "isso não vai prestar", fui na onda dos meus colegas - já que não tinha escolha mesmo - e colaborei com esse projeto sem pé nem cabeça.
Porque, no início, nós iríamos falar de Química Verde, algo dentro da temática da escola (Meio Ambiente e Sustentabilidade) e bem mais fácil de se trabalhar. Só que não, vieram com essa ideia de criar uma espécie de floresta dentro da sala! Coisa que tinha tudo para dar errado. Então eu repito: tem coisa que você acha que não vai e acaba indo.
E foi. Foi um sucesso. A Feira foi nessa sexta passada e na quinta saímos às ruas para catar galhos secos, folhas, pedras e o que conseguíssemos.
Alugamos uma fonte; trouxemos vários bichinhos de pelúcia para espalhar pela sala; compramos umas espécies de galhos secos para decorar as paredes (galhos esses que custaram incríveis 70 reais!); fizemos uma trilha com areia no chão, indicando por onde as pessoas deveriam passar; iluminamos a sala com refletores verdes; alugamos umas árvores de mentira feitas de esponja; trouxemos uns bancos de madeira que ficavam no pátio; colocamos um som com o canto dos pássaros e espalhamos folhas e pedras por todos os lugares.
Assim, até que deu muito certo. Todo mundo queria entrar para conhece a tal floresta criada pelo 1º ano B. Mas isso só foi possível porque dessa vez todos ajudaram, principalmente nossos monitores. Todo mundo contribuiu com algo, mesmo eu achando que não ia ser assim. Aí eu fico pensando como a gente consegue fazer a diferença quando quer. O problema é que nem sempre queremos, colocamos mil e um obstáculos à frente e não vamos atrás, por isso dá errado.
Mesmo com a pele irritada de tanto sol que levei catando galhos por aí, eu me sinto feliz por ter dando tudo certo e por ter aprendido um bocado. Vou colocar mais fé nas coisas e nas pessoas daqui por diante. E, além de ter ganhado ensinamentos com isso, aposto que as notas que os professores deram foram ótimas, obrigada. E de sobra eu ainda fui filmada e vou ficar eternizada no arquivo pessoal do diretor, vê se pode?
E eu achando que a coisa não ia.

P.S: Essa postagem ia sair bem antes, no domingo, só que aí eu esperei um pouquinho para ver se alguém lá da sala tinha a foto perfeita, que desse um "tchan" e traduzisse o momento. Só que aí ninguém tinha e eu fiquei pensando em postar um vídeo que eu fiz pela câmera não muito boa do meu celular do momento em que estávamos arrumando a sala. Hoje, infortunadamente, eu descobri que a escola não quer que divulguemos vídeos e/ou fotos da arrumação ou desarrumação da sala, não querem que nós mostremos o que se passou por "trás" de tudo, não me perguntem por quê. Daí eu fiquei sem foto. Mas ainda vou dar uma pesquisada melhor nos facebooks alheios e, achando A foto, atualizo o post. Por ora, imaginem com suas menteis férteis o que por mim foi descrito. 

domingo, 12 de agosto de 2012

As flores que não eram minhas

Ele estava lá, sentado na beira da calçada tarde da noite, o cinema quase fechando. Seus olhos aflitos olhando o relógio, acompanhando o andar dos ponteiros. Tinha um buquê lindo numa das mãos. Pela expressão, parecia estar ali há horas, mas não arredava o pé. Continuava olhando o relógio e segurando fortemente aquelas flores. Não podia dizer no que pensava, contudo meu coração ficou pequenininho ao ver aquela cena. Casais entrando e saindo e ele esperando, suponho eu, por sua cinderela que se esquecera do encontro. 
As lojas ao redor já estavam todas fechadas, pouca gente circulava pela rua, o grande movimento era só dentro do cinema, que fechava suas portas tarde. 
Dentro do ônibus, que estava parado esperando o sinal abrir, presenciei aquela cena pela janela e imaginei mil e uma coisas. Quem seria ele? Por que ainda esperava? 
O sinal abriu e o ônibus arrancou. Continuei olhando e daquela imagem fez-se um borrão, o motorista estava apressado. Mesmo assim, guardei cada detalhe na cabeça e continuei imaginando coisas. Para quem seriam aquelas flores? Impossível dizer. 
De uma só coisa eu tenho certeza: não eram minhas. Porque, ah, se fossem...

sábado, 11 de agosto de 2012

Tem de tudo

Eu odeio política. Não entendo nada e nem faço questão de entender, mesmo sabendo que, como boa cidadã que deveria ser, precisaria saber de algumas coisas básicas. Mas sem chance. Pelo menos por ora, porque estou por aqui com quem rouba o meu dinheiro e compra jatinho particular.
Eu tinha onze anos e uma cabecinha oca. Influenciável como era, deixe-me levar pela onda de familiares e fiz campanha feito louca na eleição para prefeito daqui. Sério, eu era fanática. Ia à passeatas, pegava panfletos jogados na rua e distribuía, colocava pôsteres na parede do quarto e levava minhas primas - menores e mais influenciáveis ainda - na tal onda também. Ganhou quem eu queria, muito legal. Só que aí eu percebi que as promessas não eram cumpridas, nada de bom acontecia e as coisas ao meu redor só pioravam. 
Dois anos depois eleição para presidente e lá vou eu novamente fazer campanha como se ganhasse um salário para isso. Dessa vez quem eu queria que ganhasse não ganhou. 
Lembro que quando era menor sonhava em ser criança para sempre. Versão feminina do Peter Pan. Mas hoje eu vejo que crescer foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Eu abri minha mente e deixei a ignorância de lado. 
Mais crescidinha e consciente do mundo à minha volta, prometi nunca mais gastar saliva e tempo com política. Vou votar sempre em branco quando tiver idade e fim. 
Isso tudo para relatar o acontecimento de ontem, na minha falta de criatividade para mais qualquer outra coisa:
Antes de tudo, eu estou doente desde ontem pela manhã. Fui à escola só para gripar, porque todas as minhas amigas resolveram combinar de ficarem doentes na sexta. Fui ao curso à tarde mesmo doente e, na volta, enquanto eu andava feito lesma, vi que estava tendo uma passeata com câmeras, gritos, buzinas, placas e afins. Até que o próprio candidato se põe à minha frente pedindo voto. Eu digo que não tenho idade para votar ainda e ele, com um sorriso de orelha a orelha, aperta minha mão e, com o cinismo característico, diz que posso conseguir votos.
Mas era só o que me faltava. Essa gente sabe apertar a mão e sorrir quando quer voto, mas cumprir o que promete que é bom, nada. Voltei para casa sorrindo porque aquela cara hipócrita era muito engraçada. Não tentou esconder em nenhum momento que está desesperado por votos.
Contudo, espero que ele tenha o hábito de lavar as mãos ou que, pelo menos, tenha as defesas fortes, senão, ao invés de conseguir votos, vai conseguir é uma gripe das brabas.