domingo, 27 de janeiro de 2013

Harry Potter: por que tão especial?

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Sinto tanto que a história do garoto que sobreviveu só tenha chegado a mim aos 16 anos. Harry Potter marcou a infância de muitas e muitas crianças, várias delas pegaram gosto pela leitura após acompanhar a história do bruxo mais querido da literatura. Já eu, eu deveria ter a realidade formada dentro da minha cabeça, eu, com a minha idade, deveria achar que tudo é uma grande invenção. Mas Harry Potter é real. 
Comprei os sete livros muito eufórica, afinal todos sempre diziam que eram muito bons. Eu já tinha visto os 5 primeiros filmes, tendo passado tanto tempo entre o quarto e o quinto que o fio da história se perdeu. Acabou que eu não entendi muita coisa. Mas mesmo assim estava eufórica.

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Acompanhei os garotos durante 12 dias, intercalando os livros e os filmes e, durante esse tempo, mal vivi minha vida. A história e as aventuras deles eram muito mais legais que minha vida. Agora que acabei, me sinto incompleta. Já tinha me acostumado a conviver com o Harry, a concordar e discordar com o que ele estava pensando e dizendo, a ver ele me mostrar que estava amadurecendo cada vez mais a cada livro, a sentir sua alegria e chorar - sim, eu realmente chorei, principalmente com a morte de Sirius - suas perdas, como se fosse uma Horcrux sua (ok, melhor não brincar com isso).
Mas a pessoa que merece todos os créditos, claro, é a J. K. Rowling, por nos mostrar que a idade é apenas um número, que, mesmo adulta, pôde criar um mundo incrivelmente mágico e, ao mesmo tempo, real. 
Mal sabe ela o quanto aprendi com o Dumbledore. Sábio homem, o Dumbledore. Possuidor daquela rara sabedoria cultivada por poucos hoje em dia (levarei um pouco dela comigo). Sempre propenso a acreditar no lado bom das pessoas, e sempre certo.

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Harry Potter é real, repito. Imagino perfeitamente um garoto, com cicatriz em forma de raio na testa, no seu armário sob à escada, ser arrematado de "seu" mundo e levado para outro apenas com a coragem. Imagino todas as suas aventuras e descobertas. Imagino o abraço de quebrar as costelas de Hagrid, do ar desleixado de Sirius, do olhar que parecia radiografar o seu interior de Dumbledore. Mas mais que isso, eu senti pânico das aranhas gigantes e, principalmente, do Ararogue, acreditem.

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Rony concorda comigo
No fundo, sabia que o Snape era uma boa pessoa, mas não tão boa como no fim ele provou ser. Sua história é mais deprimente do que imaginava, então fez todo o sentido a sua falta de cordialidade ao longo da história.

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Uma parte da minha memória sempre estará em Hogwarts e naqueles em que lá lutaram por um bem maior. Sempre com a Armada de Dumbledore, Ordem da Fênix e com o Dobby, um elfo livro (o F.A.L.E nem foi adiante, uma pena, eu apoiava).
Adorei o nome dos filhos do Harry, só queria que esses 19 anos em que sua cicatriz não doeu nem sequer formigou tivessem sido mais detalhados. Como não foram, o dever fica por nossa imaginação.
Harry Potter, especial porque ensina o valor da amizade, a necessidade contínua de se acreditar em si mesmo, a tarefa árdua de nunca desistir dos seus palpites. Especial porque é real mesmo acontecendo só na nossa cabeça.  
Acho que se eu me olhasse no espelho de Ojesed nesse exato momento, me veria em Hogwarts, sentada num banco em frente a quatro grandes mesas no Salão Principal, pronta para pôr o Chapéu Seletor na cabeça.

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Leve retrospectiva

A agitação e gritos perto de si foram ficando cada vez menos audíveis e distantes, como se ele estivesse ficando surdo aos poucos. Sentiu-se flutuar, mas não sentiu seu corpo. Era como se não pesasse absolutamente nenhum grama. Queria abrir os olhos e dizer à mulher e ao filho que estava se sentindo bem, agora, mas não conseguia abrir os olhos. Ele foi levado mais alto e mais alto; não sabe por quanto tempo, mas lhe pareceu muito.
De repente, ocorreu-lhe uma ideia. Não teria morrido, teria? Ele ainda pensava...
Enquanto esse pensamento desconfortante passava-lhe pela mente, ele começou a ver imagens de si mesmo, como se fosse um sonho. Não, não havia conseguido abrir os olhos. Havia alguém nascendo. Ele mergulhou num longo e profundo estupor, apreciando as cenas nítidas que permeavam seu cérebro, crendo que tudo aquilo não passava de um lindo e prazeroso sonho, o que reconfortou sua alma. 
O sonho, logo percebeu com o passar das imagens, era um retrato fiel da sua vida. Mostrava-o crescendo e quebrando os brinquedos do irmão, pronunciando a primeira palavra, indo à escola. Depois, mais velho, mostrava-o contrabandeando bebidas e drogas ilegais para o banheiro da faculdade. Tudo aquilo que fizera. Era um idiota, como todos os adolescentes o são. 
Não, aquilo definitivamente não era um sonho. Era a sua vida em retrospectiva, como aquelas que fazem todo fim de ano na TV. Mas, agora, não era um fim de ano que elas retratavam, e sim o fim de uma vida. A dele.
Viu todos os seus feitos: vi-o crescer e tomar juízo, abrir sua empresa de veículos, criar sua instituição de caridade que levava o nome do pai. Viu seu pequeno Jorge nascer, prematuramente. Lembrava da aflição daquele dia tão bem quanto lembrava do seu nome. A bolsa estourando na hora errada, o carro ficando sem gasolina quando ainda estava bem longe do hospital. Viu-o sendo assaltado, quando levaram seu carro e lhe deram uma boa surra, que o fez ficar em repouso por quase um mês. 
Lá estava Jorge recebendo seus primeiros boletins, ganhando seus primeiros presentes. O enterro da sua mãe também foi retratado, o dia mais triste de toda a sua vida, que agora também chegara ao fim, como qualquer outra.
No fundo, tentamos ser sempre diferentes. Nos diferenciar em alguma coisa, nos mostrar melhores. Mas sempre acabamos sendo todos a mesma coisa, todos destinados ao mesmo fim. E não há nada o que se possa fazer. Até onde se sabe, não existe elixir da vida. A maioria dos seres humanos agarram-se às suas crenças, pensando sempre que elas são verdadeiras e a dos outros, falsas. Alguma deve estar certa, no fim, mas só saberemos quando a nossa hora chegar e quando não tiver mais para onde correr. O que você fez, amigo, estará feito. O que você disse, dito. Você teve a sua chance, só precisou fazer com que ela tenha valido a pena.
E, olhando por esse ponto, pensou Sr. Joaquim, a sua chance valera, sim, valera muito a pena. Então ele deixou-se levar por completo por uma luz branca que o sugava e desligava-o de si próprio após assistir a uma leve retrospectiva do que foram seus ínfimos dias, se comparados com a grandeza que é o universo em expansão em que vivemos.

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domingo, 13 de janeiro de 2013

Como mãe, o que nunca fazer

A maioria dos meus primos, pelo menos a maioria de que sou muito próxima, é mais nova do que eu. Nessas férias, a gente tem se visto um bocado. Isso porque me amam, então me chamam para ir até na esquina. Tenho notado, especialmente nesses últimos dias, certas coisas que tenho feito e refletido. Quanto mais penso, mais me dou conta que tenho um longo caminho pela frente se quiser ser uma boa mãe. Faço muita besteira. Na grande parte do tempo esqueço de que sou mais velha e tenho que ser um bom exemplo, tenho que ficar de olho e sempre pensar duas, três vezes. 
Todos os itens listados abaixo foram coisas que eu fiz (infelizmente) com um primo específico quando estava comprometida a "tomar conta" dele. Não repita isso em casa.

1. Não ensine a passar trote
Sim, eu ensinei meu primo a passar trote. Na verdade, não ensinei literalmente, porque uma criança de 8 anos já sabe o que é isso - ou não. Acompanhe o desenrolar da história.
Estávamos no ponto de ônibus em pleno domingo à tarde e, ônibus que se preze, demora uma eternidade para passar nesse horário e nesse dia. Tinha um orelhão ao lado e eu incentivei: "ei, vamos passar um trote?". Ele olhou estranho e eu disse "diz um número qualquer". Eu digitei e disse que quando a pessoa atendesse ele peguntasse se a Joaquina está. Expliquei, cheia de mim, que trote só é uma coisa feia quando a gente diz coisas feias para a pessoa, perguntar por Joaquina não tem nada de mais. A pessoa atende e eu fico tipo "fala logo", só que ele põe o telefone no gancho e diz "o pai do meu amigo atendeu" e cai numa gargalhada gostosa. O pai do amigo ainda telefonou três vezes para o número que o havia ligado, o do orelhão. Na minha consciência, eu dizia, "Luana, você tem que atender e explicar o ocorrido, pessoas maduras fazem isso". Mas deixei ele ligando mesmo. Fui o caminho inteiro, no ônibus, explicando que trote a gente passa para um desconhecido. Quem poderia não saber disso? Nunca poderia imaginar que o número que ele me disse era um decorado e não aleatório. Depois ele disse que "tudo bem, faço isso no orelhão lá perto de casa". Foi aí que percebi que fiz besteira, tentei convencê-lo de que aquilo não é assim, a gente faz isso uma vez só na vida e ele já tinha tido a vez dele. Se ele não acreditou em mim, só espero que esqueça o ocorrido e não o comente com a sua mãe.

2. Não vá primeiro na escada rolante
Ele estava insistindo muito para ir de elevador, mas a escada estava bem na nossa frente. Então eu disse "é só pôr o pé, olha". Acontece que eu pus o pé e ele não, e começou a gritar "Luana, me ajuda, não vou sozinho". Não dava para descer e buscar ele na escada que sobe, então eu o mandei esperar que já ia descer. Quando eu estava na escada "que desce" ele vinha subindo com a ajuda de uma solidária mulher que deve ser mãe, por isso entende. Lá vou eu subindo novamente e tendo que escutar risos o caminho inteiro, "deixei você no vácuo, lálálálálálá". 

3. Não faça rede sociais 
A minha tia o fez excluir o Facebook porque ele estava conversando com pessoas, digamos que, não muito indicadas. A sua maior emoção era entrar no Facebook e ter gente no chat. Às vezes eu estava lá, ao lado dele, e ele me fazia entrar pelo celular só para ficar conversando comigo pelo computador. Me ligava às 8 da manhã para dizer "Luana, entra no Facebook". Então, quando veio gente estranha querendo conversar, ele aceitou numa boa.
Só que após Facebook excluído, eu, numa conversa, falei a ele do We Heart It. O site não é bem uma rede social e ele insistiu tanto, que acabei fazendo uma conta pra ele. Daí vem o menino olhando imagens de um programa que, juro, nunca vi na vida mais não me parece 100% adequado, South Park. Fiz ele apagar aquelas imagens, porque era feias, e desde então ele tem se contentado com Dragon Ball Z, ainda bem.
Mas, se eu pudesse voltar atrás, acharia melhor nem ter começado com aquilo. Ele nunca lembra o nome do site, por isso, quando quer entrar, sempre me liga e eu tenho que soletrar. Não importa a hora. Aí já viu.

4. Não mostre séries que dão medo
Ele é viciado em videogame. Quer porque quer um Xbox e, se qualquer um for perguntar qual seu filme favorito, provavelmente ele dirá Resident Evil. Então, tendo eu assistido pela primeira vez The Walking Dead, resolvi comentar por alto com ele e o garoto ficou doido da vida para saber mais e assistir também. Eu disse que passaria às 10:30 da noite e ele prometeu que ia assistir, mesmo que eu dissesse que era para maiores de 16 e eu só assisto porque tenho 16, como se isso importasse e como se ele realmente tivesse dado bola. Acontece que nesse mesmo dia, já à noite, ele veio com a tia aqui para minha casa. Minha mãe e minha tia conversando, ele perguntando que horas eram de 5 em 5 minutos porque não queria perder o episódio, até que eu digo: "que tal a gente ver agora? Procuro um site de séries." Assistimos ao primeiro episódio e tudo bem, ele foi para casa. Hoje pela manhã, chegando lá na casa dele, a primeira coisa que eu escuto é um: "Luana, eu tive um pesadelo com zumbis!".

Pois é. Não estou preparada para ser mãe tão cedo. Mas é vivendo e aprendendo.
Para que vocês não pensem que eu só faço besteira (ok, até eu penso isso), também sei brincadeiras educativas como a nossa competição de desenhos. E mais: disse veemente que não pintava no caderno novo da escola!

A minha - perdedora

A dele - ganhadora (mesmo que ele tenha errado os cálculos dos votos, mas tudo bem).

P.S: Não esqueci que o blog completou dois lindos anos de existência no dia 4.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quando somos invisíveis

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Soa extremamente piegas aquilo de estar rodeada de gente e se sentir só. Mas, sei lá, às vezes coisas clichês são tão eu. Essas coisas dizem tudo que eu sinto e eu me reconforto, porque, se é clichê, significa que foi dito muitas vezes e, se foi dito muitas vezes, significa que esses dramas bobos não são só meus. São dramas universais.
Estamos sempre rodeados de gente. Mas tem aqueles dias em que a gente se acha invisível, sabe? Nada do que dizemos é notado, ninguém nos liga para contar das suas vidas, ninguém responde nosso sms, e nos sentimos sem utilidade alguma. E eu acho que isso acontece com todo mundo, por isso a primeira pessoa do plural.
Aí nós ficamos dizendo coisas legais, mas as pessoas só acenam com a cabeça. Contamos piadas, mas ninguém rir. Comentamos sobre um livro, mas ninguém gosta daquele romance. Dá um vontade estúpida de nascer de novo, quem sabe, assim, com outras experiências, nós nos tornássemos pessoas mais notadas.
Temos vontade até de virar gente famosa. Elas têm tantos fãs, recebem mensagens todos os dias dizendo o quanto são amadas, quando estão doentes todos rezam, quando estão se sentindo mal consigo mesmas recebem mensagens até de quem mora no Butão. Como deve ser ter essa atenção toda? Logo percebemos que isso deve cansar rápido. Dizer que ama também quem você nunca viu na vida deve ser estranho, no mínimo. Não poder ser invisível por minutos deve incomodar.
E a gente aqui querendo mais atenção, não é? Engraçada, essa vida.
Mas aí aquele nosso primo de oito anos nos dá um pirulito. Ele nos viu? 
Nós começamos a prestar mais atenção na conversa das nossas tias e a fazer comentários sinceros. A nossa avó pergunta se o filme da TV é legal. A nossa amiga nos diz que o amigo passou no vestibular. A nossa mãe nos pergunta se quer o suco com açúcar ou adoçante. Nosso pai pergunta se nós gostamos de bala de abacaxi. Nós nos esquecemos que, a minutos atrás, estávamos irritados com todos e com a vida. 
É difícil perceber, mas a ficha cai. Só somos invisíveis quando nos importamos com as pessoas erradas. Quem nos ama nunca deixará de nos ver.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sem café, sem chá, sem você

- Café? Chá? Eu?
Ela riu.
- Você.


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O mundo está cansado de pessoas como você. Pessoas absurdamente idiotas e imaturas, que dizem amar no ímpeto do momento e depois se vão, como o vento, silencioso e sem culpa. Acho que gente como você deveria ter o cérebro arrancado e doado, deveria ter o pênis amputado, assim morreria de uma vez de abstinência crônica. Da próxima vez que estiver em apuros com um problema insolúvel, não venha atrás de mim procurando ajuda porque eu não pretendo dá-la. Abaixa as calças da sua namorada e pergunte o que fazer para a bunda dela, já o que cérebro visivelmente não tem resposta alguma. Talvez, com isso, você aprenda a diferença entre pessoas como eu e pessoas como ela. Não bata na minha porta nem para devolver os meus pertences, pode queimá-los à vontade que eu não sentirei falta. Tenha orgulho nessa cara lavada e não volte depois de todo o sucedido. Quando você estiver velho, murcho e infeliz - porque esse dia vai chegar - e eu estiver comemorando meu ano novo nas Bahamas com meus netos, você vai sofrer sozinho com as suas culpas.
Agora vá, vá para bem longe e não me ofereça mais nada, nem café, nem chá e nem você, porque toda essa desgraça começou quando eu aceitei a última opção.

P.S: Somente a título de explicação, não pensem que eu estou passando por uma situação semelhante ou quero dizer/disse isso para alguém. De onde quer que tenha vindo a inspiração, não foi da minha própria vida.