quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Minha enorme dificuldade de falar sobre alguma coisa, qualquer coisa

É um mal de blogueiras. Ou pelo menos de algumas: as mais preguiçosas. Ou seja, eu e mais outra pá (falar "pá" é tão gaúcho!) de gente. Juro que procuro alguma coisa sobre a qual escrever todos os dias. Juro que até chego a escrever alguma das ideias sem graça que tenho, mas nenhuma me parece boa o bastante para um publicação num blog público (cof, cof) que todos leem (mais "cofs").
Muitas das minhas ideias ficam perdidas nesses rascunhos que o blogger faz o favor de armazenar. Eu até tento terminar o que já foi começado, mas, ou não consigo, ou apago a baboseira que escrevi. Sou mais útil escrevendo fatos concretos da minha vida, mas não tenho coragem de falar de mim aqui: além de ser um pé no saco, é muita exposição para uma pessoa só. Já escrevo isso na minha agenda e odeio escrever sobre a mesma coisa mais de uma vez.
Declarações à parte, esses dois parágrafos foram só para explicar minhas ausências (não notadas, mas que seja). O blog é meu e as besteiras que eu penso também são minhas, por isso decidi que vou postá-las sim. 
Tudo isso só a título de explicação mesmo: quero que todos fiquem avisados para não morrerem de tédio sem querer. 
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Uma piscada sexy do Damon só para a leitura desse post não ser vã

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A vida é bela (e merece um post)

"A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão, e possam desfrutá-la em toda sua plenitude."

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Acredito que todos já tenham assistido ou ao menos ouvido falar desse filme ao longo da vida. Lembro de ter ouvido falar nele pela primeira vez quando estava no oitavo ano. Estávamos estudando roteiro em Redação e vinha uns trechos engraçados desse filme no livro. A professora até o recomendou, mas eu não assisti. Para minha defesa: ninguém assistiu. Hoje em dia sigo mais as dicas de livros/filmes/documentários que os professores dão, porque o assunto realmente é melhor fixado dessa forma, porém, aos 13 anos, o orkut estava no auge e isso diz tudo.
Uma prova de que tudo que tem que ser, será: hoje eu o assisti. Poderia postar uma foto minha chorando horrores, já que uma imagem fala mais que mil palavras. Entretanto, como isso é um blog e não um instagram, vamos às palavras.

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"Durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido (Roberto Benigni) e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele tem que usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam."

O começo da história, além de ser linda, é muito engraçada. O Guido faz qualquer um morrer de rir com suas aparições surpresas e aventuras, tudo para conquistar a Dora. Acredito que toda mulher queria um louco assim na vida dela. Mesmo já no campo de concentração, Guido faz tudo parecer mais bonito, mais legal. O perigo deles é grande, é claro, mas ele faz de tudo para dar a entender ao seu pequeno Giosué que aquilo é um jogo e que eles estão em primeiro lugar. A facilidade com que ele inventa desculpas e cria histórias é incrível. A situação não é nada boa: velhos e crianças sendo levados e mortos na câmara de gás (Giosué só escapa porque odeia tomar banho, e tinham dito a ele que aquilo era para eles se lavarem), o trabalho ficando cada vez mais desgastante e insuportável. Mesmo assim, Guido faz tudo parecer bem. Faz de conta que a vida é mesmo bela. 
Talvez ela seja, se a gente souber onde achar a  tal beleza. 
Digo isso porque o Guido e seu pequeno a encontraram. Mesmo sendo judeus, mesmo sofrendo uma das maiores injustiças causadas através da ignorância humana, mesmo longe da mulher que os dois amam - notem a quantidade de "mesmo" nesse parágrafo - eles não se entregaram à letargia como todo o resto. Embora estando na pior posição que um cidadão italiano poderia estar naquele momento, transformaram, ou melhor, Guido o transformou numa brincadeira que até eu participaria se não soubesse a real situação dos fatos. 
Amor. Amor fez tudo isso. Amor pelo filho, pela mulher que conquistou com tanto sacrifício, amor à vida. 
E é engraçado como um personagem nos ensina tantas coisas. Quem vai morrer marchando feito um bobo?  Quem chupa ferrão de vespa? Quem traz um cavalo a um baile pra salvar quem não aguenta mais a festa?  Quem serve de tradutor sem não entender uma palavra da língua que precisa traduzir? O Guido, lógico. Porque durante a sua mísera existência aqui, ele não sobreviveu (como a maioria de nós fazemos), ele viveu. E é isso que todos deveríamos fazer.
A vida não é perfeita para ninguém, mas isso não a faz menos bela. 

essa cena <3

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A moça da flor


O dia estava claro e de bons ares, por isso desejou sair, ir à praça mais próxima na companhia do livro que estava lendo. Tinha pego um resfriado a pouco tempo, por isso decidiu que seria uma ida bem rápida: voltaria antes de escurecer e ficar mais frio, para não se dar ao deleite de mais dias de repouso na sua cama. 
Não poderia mensurar o quanto lhe era custoso ficar doente e não poder mais dar seus passeios à tardinha, vê o sol ser engolido e as estrelas começarem a brilhar. Sentir o ar puro e livre passear pelos seus cabelos em formas de cachos bem delineados que se recusava a aparar. Um homem não se torna menos homem se conservar consigo algumas vaidades. 
Como não ia demorar-se dessa vez, decidiu ir direto ao seu destino. Nos seus passeios habituais, quando estava na sua plena saúde, costumava andar o mais lentamente possivelmente, observando as poucas pessoas que iam e viam. Gostava de observar cada uma que passava, às vezes tomava até notas num caderninho que ficava sempre guardado num bolso do paletó; era escritor, qualquer transeunte daquele, nos seus dias mais inspirados, poderia dar um bom personagem ou uma boa história.
Apesar das semanas recluso no seu lar, a praça estava, em si, exatamente igual. Compunha o local alguns bancos de pedra que já mostravam sinais do tempo, uma camada espessa de folhas de diferentes cores no chão, como se esse não fosse limpo há vários outonos - o que era verdade. As árvores se mantinham iguais. Não soube por que ficara tão surpreso com a imutabilidade do local, aquilo já era previsível, ninguém ia àquela praça, tinha muitas folhas e, nelas, muitas minhocas e formigas para crianças brincarem.
Sentou-se no seu lugar de sempre, num banco posto num local onde seria impossível ser atingido por um fruto descabido que ousasse cair sobre sua cabeça. Começou sua leitura, que não durou mais que cinco minutos por um acontecimento inesperado.
Lembrou-se que em pouco tempo estava receando que alguma mudança súbita na paisagem tivesse acontecido, teria ele previsto? Estaria esperando por aquilo? Por aquela moça que, silenciosamente - mas não totalmente - sentara-se ao seu lado, sem lhe dirigir palavra, sem sequer olhar para suas feições, e abrira um espesso volume sobre o colo e começara a ler, suspirando vez ou outra?
De repente, tudo ficou tão silencioso que ele podia escutar o ritmo da respiração da fogosa intrusa. Sim, intrusa, pois aquele local era até então só seu. Há meses lia ali antes de adoecer, e, quando isso aconteceu, alguém também achou na sombra das formosas árvores um lugar para leitura? O vilarejo era pequeno, contudo nunca a tinha visto antes. Seria nova por aqui? Não é de se estranhar, passou semanas tendo visitas regulares apenas de seu médico - que era apressado demais para contar-lhe qualquer novidade - e companhia da boa e generosa Senhora Fernandes, que já era velha e mal ouvia para saber de algo.
Sua atenção saiu do livro e voltou-se para quem estava ao seu lado. Era jovem, sem dúvida. Tinha certos traços, tanto de personalidade (era muito distinta na maneira como portar-se) quanto no rosto que indicavam que era estrangeira. Era bonita mas não tanto, todavia parecia ter um certo ar altivo e superior que impressiona os homens. 
Estava ele ali ainda divagando, imaginando mil e uma possibilidades de conversa com aquela mulher, de modo a não parecer intrometido, mas também não dar-se a entender que é um imbecil, pensando porque até hoje nunca tinha levado a sério a possibilidade de casar (embora ainda fosse considerado bem jovem, a maioria dos seus amigos, que tinha a mesma idade, já estavam noivos) e porque uma estranha qualquer tinha levado esse pensamento a sua mente, quando a moça simplesmente se levantou e foi.
Assim, tão abruptamente que mal deu-se por si. Num minuto, estava pensando nos olhos verdes da moça, que só viu de relance mas podia jurar que eram verdes bem vivos, e qual seria a mistura desses olhos com os seus, bem pretos? Se, por ventura, se casassem e tivessem filhos, eles teriam olhos verdes, pretos ou dos dois tipos? Quando se censurava por nunca ter dado muita atenção à Biologia e, em especial, à Genética, que progredia a longos passos, viu sua dama misteriosa ir embora tão rapidamente que, em dois piscar de olhos, já não dava mais para distinguir sua silhueta ao longe. Se não fosse a flor caída ao seu lado, aquela que vira presa, minutos antes, nos cabelos castanhos dela, poderia sonhar que ela nunca estivera ali.
Pegou a flor e, com ela, cuidadosamente, marcou a página do seu livro.
Nunca mais viu aquela estranha, mas sempre a agradeceu profundamente e sempre guardou aquela flor consigo, dentro do mesmo livro. Por sua influência, mesmo que inconsciente, ele, sem saber por quê, indagou-se acerca de um casamento. E foi essa indagação que o perseguiu por alguns dia. Nunca tivera essa pretensão. Foi por causa da moça da flor que ele deu uma chance à vida de casal. Deu uma chance à moça ao lado da sua casa, que sempre demonstrou muito afeto por sua pessoa e que lhe mandou alguns bolos e doces quando estava de cama.
É feliz. Hoje tem filhos. De olhos pretos.
A flor ainda está lá, pra qualquer um que quiser ver, dentro do livro.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Me encontrando em um trecho

"Before you came into my life I missed you so bad."
Prestando um pouco mais de atenção na música da Carly, que teve seu auge no ano que se passou, percebi o quanto me identifico especialmente com esse trecho da música. Deixei de lado as minhas observações mentais de como ela não parece nem um pouco ter quase 30 anos (sério!) e tive certeza: esse trecho sou eu.
Mas, é claro, não sou só eu. Somos todos nós. Podemos até não perceber que sentimos falta, que estamos incompletos de alguma forma até que vem aquela coisa (ou pessoa) e nos faz perguntar: como eu vivia antes?
Só que no meu caso é diferente, eu percebo. Sinto falta de seja lá o que for todos os dias. Não vou aqui discutir o quanto estou cansada da minha própria vida - porque isso me cansa ainda mais -, mas eu tenho certeza que nela há uma grande lacuna que ainda não foi preenchida, um buraco qualquer.
O que eu tenho para dizer: preenchimento, querido, não se demore!


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Finais tristes, não gosto de vocês

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Jack <3
Sei que na vida as coisas não são flores. Sei, sim. Sei que histórias conturbadas com um fim feliz são raras na realidade. Os desastres estão aí, acabando com futuros que poderiam ser brilhantes. Sei que a maioria das pessoas tem uma morte comum, lembrada e relembrada somente por aqueles próximos. Nenhum final digno de filme hollywoodiano. 
E é essa uma das causas de se apegar à leitura como salvadora dos dias ociosos: viver finais felizes. Quando lemos um livro, somos a personagem. Vivemos seus medos, compreendemos as situações, aprendemos junto. E não há nada melhor do que se ver, na última página de um livro, realizada. Nada melhor do que ver que toda aquela história levou a um final feliz. 
Não sou contra livros tristes. Adoro Shakespeare, não me vejam mal. O Caçador de Pipas foi meu livro preferido durante muito tempo, mesmo me fazendo chorar copiosamente a cada releitura. Só digo que existem certos livros que fazem uma sacanagem tremenda com você. Tudo vai bem, até que no último capítulo acontece um desastre que faz você pensar "li essas quinhentas páginas e eles não terminam juntos?".
Isso me lembra uma redação da minha amiga. Duas pessoas se conhecem pela Internet e decidem se encontrar pessoalmente. Conhecem-se, apaixonam-se... tudo ia muito bem até que, do nada, acontece um incêndio no hotel no qual eles estavam hospedados e os dois morrem queimados. Aplausos. Ela me disse que não sabia como dar continuidade à história e escreveu esse brilhante fim.
Entendo que finais têm um propósito (não no caso da história da minha amiga, claro). Um modo do autor mostrar realidades que muita gente não sabia existir. Um grito de "mexam-se!, isso está acontecendo". Foram os livros que me ensinaram a ter um senso crítico - ainda não muito aguçado, admito. A abrir os olhos para outros mundos; sejam os que estão perto de mim, sejam os do outro lado do mundo. A morte de uma personagem querida é necessária. Com ela, nós atentamos pela injustiça da vida. 
Mas isso não a faz menos dolorida. Será que o ensinamento não podia ser passado de maneira diferente?, penso eu. 
Mas aí empacamos num dos grandes defeitos do ser humano: é preciso uma tragédia qualquer, mesmo que fictícia (para minha eterna infelicidade, pois sempre me apego às personagens), para notar-se que o que está acontecendo aqui na Terra não é legal.