sábado, 30 de março de 2013

Como aprendi a lidar com zumbis

The-walking-dead_large

Bendita hora, eu disse várias vezes a mim mesma, em que vagando de um canal a outro, decidi deixar num que estava passando The Walking Dead, a séria famosíssima de que tanto já tinha ouvido falar. E pior ainda: bendita hora em que me empolguei e me vi pensando no desenrolar da coisa nas horas mais inapropriadas. Nesse começo de paixão, assisti à primeira temporada sempre de dia e com a presença de alguém, porque cheguei a elevar os zumbis à primeira colocação na minha lista de coisas que mais temo no mundo. Era uma relação estranha. Eu, que tenho sonhos estranhos mas sempre, sempre puros, me vi sonhando com essas criaturas horrendas. Me vi fechando a porta do banheiro do meu quarto antes de dormir, me vi adiando as lavagens de cabelo para quando alguém estivesse em casa e pudesse ouvir meus gritos de socorro se algum monstro desse aparecesse.
Mas eis que a paixão repentina e a curiosidade foram mais fortes que o medo e tive, precisei assistir à segunda temporada. Ressentidíssima quando algum dos meus queridos personagens morria, como aconteceu à pequena Sophia, recolhia meus caquinhos, colava-os bem firmes e continuava. Dentro de poucos dias já tinha visto tudo. E aí lá vinha ele outra vez: o medo. Os sonhos povoados pelos zumbis com os seus rostos deformados e suas garras afiadas. Só sei que decidi uma coisa: não assistiria mais a minha série preferida, esqueceria dela de uma vez por todas, eu conseguiria. 
Passei um longo tempo resistindo à tentação de ver a terceira temporada até que, mais fraca que a vontade, me rendi a ela. É engraçado como o nosso inconsciente funciona. Antes de acompanhá-la, decidi vê o que acontecia por trás dos bastidores e uma coisa, tenho certeza, se concretizou dentro do meu cérebro: zumbi não existe. Minha parte consciente já sabia disso, é claro, mas vendo todos os figurantes sendo maquiados para se parecerem monstros, meu inconsciente finalmente se tranquilizou e espero que ele fique assim. Outra coisa legal para afastar o medo é fazendo graça daquilo que te assusta (aprendi em Harry Potter, verdade). O Facebook ajuda muito nisso com suas muitas e diversas piadas tendo como protagonistas os zumbis. Uns três dias depois, já tinha assistido a todos os episódios disponibilizados da terceira temporada, com muito orgulho, obrigada.
Agora, depois dessa longa caminhada que eu e a série tivemos juntas, estou eu aqui morrendo de ansiedade para o último episódio da terceira temporada. Não posso dizer que a ideia de um apocalipse zumbi não me assusta, mas, como muitos (incluindo aí meu primo de oito anos), não assisto à série porque ela é "massa", porque é divertido ver gente lutando desesperadamente pela vida, eu assisto porque eu preciso saber como tudo aquilo irá terminar. É uma necessidade. Eu mesma já inventei várias teorias, mas como se dará o fim dessa história? Muita gente legal e querida morreu, será que todos irão continuar morrendo até que não sobre mais ninguém e fim? Será que vão encontrar uma cura para essa "doença" ou seja lá o que for? Se sim, como será já que tudo está contaminado? O ar, a água, a comida, a terra... precisa-se de um planeta novo para se ver livre do vírus! Ou será que o Rick, personagem principal, ainda está em coma e tudo isso é imaginação dele? Vai ser uma grande sacanagem! Essa última opção é inviável para mim, porém tem gente que a considera.
Só peço uma coisa: que o fim, seja lá qual for, seja digno de todo o esforço que tive para aprender a lidar com os zumbis, porque não foi fácil.
Tumblr_mj3td1hche1s3979jo1_500_large

E você, já conseguiu superar algum medo? Como foi?

terça-feira, 19 de março de 2013

Faltar ou não faltar: eis a questão

Nunca fui uma pessoa completamente preocupada em não ter nenhuma falta sequer no boletim no fim do bimestre. Sempre vinham algumas, pois eu sempre faltava quando achava que as matérias daquele dia não eram tão importantes quanto matar a preguiça, digo, o sono acumulado. Ainda mais com os grandes incentivos da minha mãe ("minha filha, se quiser faltar, falte") ter presença 100% nunca foi uma coisa conquistada por mim, não que eu lembre.
Mas toda essa mordomia se foi. É mais uma das infinidades de coisas que mudam quando se entra no Ensino Médio e toda a sua atenção, todos os seus professores, toda a sua família e até mesmo sua própria consciência, resumindo, tudo que te cerca, involuntariamente, volta-se para a entrada em uma universidade. 
Agora, presença 100% não é só capricho de gente certinha, é necessidade. Não consigo faltar sem deixar de achar que aquele assunto vai cair no ENEM e que eu não vou saber a questão porque perdi a aula, ou melhor ainda: que todos estão se divertindo, que apareceu alguém famoso, que aquele professor chato resolveu ser legal. 
Sempre foi mais ou menos assim, porém as coisas estão piorando conforme os anos passam. Se eu olho no relógio e vejo a hora, não digo que, por exemplo, são oito da manhã, digo que "se eu estivesse na escola, seria aula de Física. O que será que eles estão fazendo?" 
Se eu for parar para analisar bem, acho que no dia que eu falto eu estudo mais do que se estivesse propriamente na escola, porque fico aflitíssima de que aquela falta me deixe em "desvantagem" com relação ao resto da turma. 
Sem contar que quando volto à aula, no dia seguinte, me sinto uma estranha no seu primeiro dia de aula quando o professor corrige uma atividade passada ou continua com alguma discussão.
Hoje eu resolvi faltar. Não só porque ia ter aula de Educação Física, claro que não. Mas também porque resolvi voltar minhas atenções matinais para Química e para Sherlock Holmes (a série da BBC, recomendada). Como sempre acontece, já vinha planejando minha falta a vários dias. O dia de hoje foi escolhido porque além de ser o único da semana que não tem teste, tem aula também de Educação Física e sim, eu sei que exercícios são importantes, mas não às 7 da manhã. Oh, Deus, como eu odeio as terças!
Mesmo que eu tenha tido uma longa conversa comigo mesmo, analisando os prós e contras, me dando várias justificativas de que eu merecia faltar um dia sequer já que me venho me esforçando, é sempre a mesma coisa: faltar ou não faltar?
Ok, dessa vez eu escolhi faltar, mas não consigo deixar de pensar que eu perdi o melhor dia do ano. Tipo naquele episódio de Todo Mundo Odeia o Chris, quando o Chris e Greg faltam para ir ao cinema e aparece alguém famoso na escola dos dois. 
Alguém famoso eu tenho que certeza que não foi o caso, mas não consigo deixar de pensar que deve ter sido provavelmente um dia legal, só porque eu não estava lá. 

domingo, 3 de março de 2013

Meu amor por uma história

Tumblr_miyaq4ilog1r2y5pno1_500_large

Li esse excepcional romance de Victor Hugo aos 14 anos. Reli-o mais tarde e sempre me emocionava bastante com a penosa história do Jean Valjean. Vi uma entrevista antes da estreia do musical aqui no Brasil com o ator principal, Hugh Jackman, e desde esse dia disse a mim mesma que não perderia esse filme por nada. Saber que todo o filme seria cantado e que nenhuma cena foi regravada me fez ficar muito mais ansiosa e decidida a convencer outras pessoas que o filme seria incrível e que elas deveriam assistir também - o que fiz.
Esse bendito tinha data de estreia para 1º de fevereiro, e desde 2012 eu vinha contando os dias. Eis que o dia chega e nada do filme aqui no cinema da minha cidade. E sim, eu moro numa capital brasileira. Só já para o fim do mês, eu e minhas amigas descobrimos que o filme tinha estreado sim, e já estava perto de sair de cartaz, em outro cinema esquecido que temos aqui. Quando digo esquecido, esquecido mesmo, vazio. 
Como eu fiquei emburrada e chateada só Deus sabe, mas lá fui eu ao encontro daquele querido o qual esperava há meses. 

Bd62s1acyaa15xu_large

Há  quem diga que o filme foi longo demais, que houve uma cantoria desnecessária demais, que só apreciou o filme quem gosta muito de musicais. Tudo isso tem um fundo de verdade, o filme é longo demais e algumas músicas são muito monótonas e deixam você um tantinho entediado. Mas, para mim, tudo isso não ofuscou a beleza que o filme provoca. Só a pequena participação da Anne Hathaway teria feito a minha ida aquele cinema muito distante da minha casa ter valido a pena. Escutar ela cantando aquelas músicas lindas me fez chorar sua dor, porque, afinal, todos nós sonhamos sonhos que sempre ficarão sendo só sonhos.

Tumblr_mi4jexfu2m1qfdkhvo1_500_large

Não foram só as músicas da Anne que me deixaram emocionadas, o filme é repleto daquelas canções que te dão uma vontade imensa de aprender a cantar só para acompanhar os personagens e encher o peito de uma emoção gostosa. 
Mesmo já sabendo a história do Jean Valjean de cor, ela nunca deixa de produzir em mim um sentimento estranho. Vejo aquele homem ficar preso durante anos por somente roubar um pão, vejo-o mudar de vida por uma boa ação que o fazem e depois se transformar num ser humano cheio de fé e bondade. Vejo-o ajudar os pobres e cuidar por anos da Cosette como sua legítima filha. No final do filme, me dá um orgulho tão grande desse homem, como se nós compartilhássemos de um vínculo familiar ou algo do tipo. 
Gosto tanto d'Os Miseráveis porque ele é um daqueles livros que nos fazem acreditar nas pessoas, na vida, em uma segunda chance, na ação da mão de Deus sobre os desafortunados da Terra. Mesmo que essas coisas não existam, mesmo que ninguém se dê ao luxo de dar uma segunda chance a alguém que leva descaradamente a prataria da sua casa, ao ler o romance nós acreditamos nas pessoas.
E, no fim, o Jean Valjean morre, como todos nós iremos morrer um dia, mas deixa você com aquela sensação de que ele foi muito bom homem, que sua vida valeu a pena. Ela, então, por um minuto, parece bonita.

Tumblr_miqtqtatcz1r8491so1_500_large


sexta-feira, 1 de março de 2013

He's 19


Era abril de 2010. Não lembro exatamente o dia porque nunca imaginaria que iria querer lembrar daquela data um dia. Ele era um garoto franzino, com cabelo no olho e um tique nervoso de jogá-lo para o lado a cada minuto. Esse esteriótipo de Justin Bieber permanece até os dias de hoje, mesmo aquele menino de 15, 16 anos ter mudado totalmente de lá para cá. 
Falar desse garoto é o único assunto em que sou expert, sei que vou me sobressair na conversa porque o acompanho desde o já citado abril de 2010. 
Escutei aquele garotinho cantando, não sabia nada sobre ele, nem mesmo o nome, mas adorava sua voz - alguns diziam parecer ser "de menina", devia ser problema de audição ou pura implicância, porque nunca achei isso. 
Considerado por alguns o "Mozard moderno", por nunca ter tido aula de nada e saber cantar e tocar 4 instrumentos só de ouvir outros cantarem e tocarem, Justin Bieber se tornou conhecido num estalar de dedos, de uma hora para outra. Tudo foi tão repentino que ele parecia sempre pensar "o que eu estou fazendo aqui? Eu vim de uma cidade de 30 mil habitantes". Exatamente, 30 mil habitantes. Acho que Stratford é do tamanho do meu bairro ou menor.
O garoto que vestia roupas de igreja e dormia no sofá de uma hora para outra teve que lidar com a fama, o dinheiro e as garotas histéricas. Teve que sofrer com piadas infames e degradantes de certas pessoas que simplesmente decidiram odiar o garoto porque ele repetia a mesma palavra três vezes num refrão de uma música. Teve que aguentar morrer várias vezes pela imprensa. Teve que ir com todas as suas forças contra àquela - que ele nem ao menos conhecia - dizer que era mãe de seu filho. Abriu mão da vida de um adolescente normal e teve que lidar com os julgamentos de todos que se davam ao direito de fazê-los.
Eu sou imensamente orgulhosa por ele ter superado. Não ter desistido quando se viu longe dos amigos, teve que terminar com a namorada, ficar longe dos pais, recebeu incontáveis "nãos" de gravadoras e ter que fazer sua fama através das tão úteis redes sociais. Ele foi lá e fez. 
Quando eu penso em um sonho muito distante, sempre me lembro dele. Um garotinho que tinha os dentes tortos e sofria bullying por não ter roupas legais; lembro-me da cidade da qual ele veio, tão pequena que todos se conheciam, tão longe e tecnicamente insignificante que a gente nunca escuta falar dela na escola e penso: é possível.
Agora ele é rico, mundialmente famoso, tem um corte de cabelo diferente e os seus dentes estão perfeitamente alinhados. Tudo que vende, destina lucros à caridade. Em qualquer tempo livre, vai aos fãs que não podem ir até ele. Não se acha um pessoa sortuda, se acha alguém abençoado: para ele tem uma diferença. Diz todos os dias o quanto é grato a nós, fãs, por absolutamente tudo. 
Eu simplesmente adoro suas músicas. Elas vêm crescendo junto com o compositor, isso é certo. Adoro como ele fala subjetivamente da sua vida nas letras. Às vezes, o Justin só quer pôr sua capa de chuva amarela e se ver livre da chuva. Ou seja, dos flashs e boatos descabidos.
Eu também aguentei muito, igualmente a ele. Quando você diz que adora o Justin, as pessoas olham para você como se você fosse alguém intelectualmente inferior. Mas, sabe, eu só rio. Sou grata por ele um dia ter aparecido na minha vida. Não só meu inglês melhorou depois de então, mas eu também aprendi a gostar sem pedir nada em troca. Não sei por que gosto dele, ou por que comecei a gostar, só sei que gosto. Gosto do jeito abestalhado dele, das brincadeiras bobonas, das piadas sem graça, do carinho que ele dedica à família, do jeito que ele sorrir. Gosto de como ele inspira as pessoas a fazerem boas coisas, a acreditarem. 
E hoje, ah, hoje. Hoje ele faz dezenove. Um número grande. Dezenove anos de talento porque, digam o que for (incluindo piadas sobre seu sobrenome), ele é um prodígio. Não só para mim, mas para todas as suas fãs, ele vai continuar sendo um baby. Tenha a idade que for, ele sempre não vai saber onde colocar as mãos quando ficar nervoso, vai ficar sem jeito quando perguntarem sobre a sua vida pessoal, vai acalmar com sua voz, vai falar "hey, i'm Justin Bieber" a cada início de vídeo, vai usar cinto mas não vai subir as calças. 
Eu poderia escrever uma Bíblia falando sobre o Justin, uma vez que, como eu já disse, é minha especialidade, mas tenho coisa mais direta a dizer:
Ele ainda vai estar no topo por muito tempo fazendo pessoas acreditarem. E eu acredito.

Tumblr_mj05mctkik1qh4znio1_500_large
Thanks, Biebs. And happy birthday :)