sábado, 17 de agosto de 2013

Os cheiros da minha vida


Tenho uma prima com 12 anos que está usando, coincidentemente, o mesmo perfume que eu usava quando tinha 12 anos. E, ao sentir aquele cheiro adocicado, lembrei-me daquela época da minha vida como se ela tivesse acontecido ontem. 
Eu tenho muito a mania, ou melhor, a "habilidade" de relacionar cheiros a momentos. Foi só ver ela passando aquele perfume de vidrinho azul que eu lembrei do sétimo ano, das milhares de fotos que eu e minhas amigas batíamos naquela época e do meu gosto musical terrível. Não sei explicar como, nem sei se isso acontece com outras pessoas, mas aquele perfume tem cheiro de sétimo ano, tem cheiro de 2009. Assim como um antigo perfume que eu usava que tinha a Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, estampada no frasco de plástico me lembra da minha infância e das várias coisas que aconteceram nela. Joguei um frasco desses há pouco tempo fora, ainda com perfume dentro, vencido sabe-se lá há quantos séculos. De qualquer maneira, não resisti e tive que abrir a tampa e sentir o cheiro da minha infância ali dentro. E fiquei feliz em constatar que, depois de tanto tempo, eu ainda o reconhecia perfeitamente.
E eu nem me importo com isso de perfumes. Não entendo também, nem dos nomes eu sei. Não conheço essências porque, para mim, perfumes só têm cheiro de etapas da minha vida. Geralmente quem os compra para mim é a minha mãe. Se gostar, eu uso. É bastante normal eu não acabar um perfume. Na verdade, acho que nunca usei um até o fim, porque eu enjoo fácil e quero trocar logo. Daí que o meu guarda-roupa é cheiro de perfumes pela metade. Se eu quero relembrar o ano passado, é só ir lá e passar o perfume de frasco roxinho que eu usei durante boa parte do ano. Vou lembrar do meu ingresso no Ensino Médio e de todas as implicações que isso teve. Assim como posso relembrar outros tempos do meu passado só abrindo facilmente outros frascos.
Eu tinha - ou ainda tenho, não sei ao certo se joguei fora ou não - um perfume muito lindo e cheiroso. Um dos meus preferidos. Devo ter usado ele várias vezes, mas me lembro de algumas em especial. Usei ele na minha formatura, então ele tem cheiro de uma Luana com sete anos. E também eu o usei num dos aniversários mais legais da minha vida. Tinha de tudo naquela festa. Desde pula-pulas, onde eu me esbaldei de pular, até fogões de mentira para você cozinhar comidas de mentira. E tinha salão de beleza de mentira. Eu devia ter uns seis anos naquela época, mas eu me lembro dela. E me lembro mais ainda quando sinto o cheiro do perfume que eu usava...
Perfumes também me lembram pessoas. Eu costumo prestar atenção, mais involuntariamente que voluntariamente, nos perfumes que as pessoas mais próximas a mim usam. E quando eu sinto aquele cheiro na rua, procuro logo pelo alguém. Mas sempre acontece de ser outra pessoa, e não a que eu procurava. É incrível como tem tanta gente usando o mesmo perfume por aí.
Eu tenho um perfume bem fraquinho, que eu acho delicioso, que só uso em casa. Quando sinto ele em alguém, eu me lembro da minha casa. Lembro que poderia estar na minha cama, quentinha, tendo um livro como companhia. Quando alguém passa repelente, principalmente um infantil que é verde (sim, eu sou péssima com nomes), eu sou transportada à casa em que eu vivi até os nove anos. Toda santa noite eu passava repelente para dormir. Eu posso estar estudando para a prova mais difícil de todas, posso estar tendo a conversa mais agradável de todas, contudo, ao sentir o cheiro, minha mente me levará contra a minha vontade até aquela casa de portão marrom. 
Vai saber se a minha capacidade olfativa é diferente das demais, só sei que cheiro para mim não é só cheiro. Cada um que eu sinto tem um significado que guardo num lugar especial do cérebro. Quem sabe um dia eu compre todos dos perfumes que já usei na vida só para relembrar certa época vez ou outra. Nostalgias são deliciosas.

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