quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nasci da pessoa certa

Digamos que eu seja uma pessoa, na maioria das vezes, ambiciosa. Isso está nas minhas raízes, mas não gosto de tocar no assunto. Acho que eu já disse aqui que tenho foco e, realmente, tenho sim, muito. Mas não é por ser ambiciosa que saia por aí destruindo as pessoas que se metem no meu caminho. Não mesmo. Eu só gosto de fazer as coisas bem feitas, gosto de ser boa em tudo que faço - nem sempre eu consigo, só para deixar claro. Raciocinem comigo, tendo como exemplo a escola: eu tenho que ir, não tenho? Meus pais pagam caro, não pagam? Penso, então, que tenho que fazer bem feito. Sem meio-termo. Sem enrolação. Ninguém lembra de quem era mais ou menos em algo, as pessoas só lembram dos melhores. E isso é bom? Olha, no meu caso, sempre foi. Eu nunca tentei derrubar nem ser melhor que ninguém, eu foco em mim e somente em mim, entende? Não olho para os outros, não entro em nenhuma competição. Presto atenção nos meus afazeres e obrigações e tento fazer o melhor possível, dar tudo de mim, extrair daquilo o máximo de perfeição que eu conseguir.
Mas esse não é bem o assunto da postagem. O negócio é que minha mãe vive dizendo que nasci da pessoa errada. Isso porque eu vivo pedindo o impossível para ela. Mãe, quero aquilo. Mãe, compra. Mãe, deixa eu ir. E na maioria das vezes ela não pode comprar nem me deixar ir. Sou adolescente e vivo num mundo capitalista. Sou tentada todos os dias por parafernália tecnológica e viagens do sonhos. É impossível não querer ter e nem ir. Aí a minha única esperançazinha é minha mãe. 
Já deveria ter percebido isso há mais tempo. Corta o coração dela me dizer um não. Até porque ela vive dizendo que eu sou a filha dos sonhos, perfeita, compreensiva, amiga e todas aquelas coisas de mãe coruja. Para ela é a pura verdade, pois ela me vê exatamente como me descreve. Todas as mães desse mundo são uns amores, falem a verdade? Não importa quantas vezes vocês briguem, ela nunca vai ficar com raiva por muito tempo. Não importa quantas vezes você erre, elas sempre vão te dar mais outra oportunidade. Não importa quantos anos se passem, você sempre vai ser um bebê que não sabe se virar sozinho.
Quando eu quero muito algo e ela sabe disso e não pode me dar, vive dizendo "Luana, você nasceu da pessoa errada". Talvez porque ela ache que eu seria mais feliz se tivesse aquilo que desejo. Triste engano. 
Mães sempre costumam estar certas, mas dessa vez a minha errou. Nasci da pessoa certa, Deus não poderia ter escolhido família melhor para mim. Se eu sou quem sou hoje foi por todos os "nãos" que aprendi a receber. Sou eu, essa Luana, porque aprendi que conquistar as coisas é muito mais delicioso do que tê-las sem esforço. Sou assim, mãe, por sua causa. E por causa de vocês, pai, tias, tios, primos, primas e afins. Trocaria qualquer bem material por um sorriso sincero de vocês. Trocaria qualquer sonho para ver vocês felizes e com saúde. Vocês todos são pedacinhos meus, fazem parte de mim. Vê vocês felizes me deixa consequentemente feliz também.
Ah, e mãe, esquece aquele negócio da mesada. Era brincadeira. Será que não sabe reconhecer o bom humor da própria filha? Pega o dinheiro e compra aquela canjica bem gostosa que ambas adoramos. O que seria melhor para uma garota de 15 anos do que comer canjica com a mãe? E quem achar que existe coisa melhor, é porque nunca provou da canjica.
É impossível ter melhores pessoas comigo. É impossível ser melhor do que sou. E se tentarem melhorar, estragará. Pode apostar.

Eu até postaria uma foto da família reunida aqui. Só que acontece que não exite uma onde todos concordem "gostei dessa", então, fica para uma próxima...



segunda-feira, 25 de junho de 2012

À espera de qualquer coisa


Eu fui tentar escrever sobre mim quando percebi que não tem sobre o que. Na minha vida nunca acontece nada legal. Preciso de alguma coisa para me fazer ter uma vontade extrema de viver, de acordar todos os dias junto com o canto dos pássaros e correr para o banheiro, sem nem lembrar como a água vai estar gelada, só querendo me livrar daquele torpor e acordar para o dia lindo e cheio de emoções que me espera.  
Preciso de vontades para sorrir sem motivo, chorar sem motivo. Quero deitar para dormir e não conseguir por estar sentindo ainda as emoções do dia maravilhoso que tive. 
Necessito que aconteça qualquer coisa na minha vida. Para quebrar a rotina, para me fazer repensar, para mudar com meus conceitos antiquados e comigo mesma. 
Numa noite sequer, pelo menos, quero abrir meu diário e escrever algo realmente interessante. Quero algo - ou alguém, quem sabe? - que me faça achar sentido na vida, ver esperança nas pessoas, ter motivos para fazer de mim uma pessoa mais feliz, mais Luana.
Chega de devaneios, de sonhos, utopias que nunca irão se concretizar. Chega de imaginar situações que não acontecerão. Chega de fingir que eu estou satisfeita com tudo isso, que eu não ligo, que para mim tanto-faz-como-tanto-fez. Eu não sou assim. Eu não quero mais isso, já deu. 
Eu quero verdade, quero carne e osso. Quero poder sentir, não só me sonhar sentindo. Quero viver, não só me sonhar vivendo. Quero que chegue, que venha, que aconteça, por favor! Também não quero ficar apenas esperando. Até porque todo mundo sabe: não se faz uma dama esperar.


(Ok, a última frase é cômica, por isso quero todos rindo...)

domingo, 24 de junho de 2012

Love is all you need


Você sabe muito bem que pode se encolher como for, mas esse frio não vai passar. Nem o mal-estar, nem a culpa, nem a vontade de querer poder fazer tudo diferente, nem o remorso, nem a saudade. 
E você ligava a TV, mas sua mente não se concentrava naquilo. Você estava longe. Desde quando aquele quarto havia se tornado tão grande? 
Alguma coisa lhe faltava. O vazio era tão grande no seu peito que você tentava o preencher com a primeira coisa que encontrava, mas nada ficava, nada entrava, nada cabia. E ele - o vazio - continuava sempre ali, impreenchível. 
Eu vi, eu sei, você tentou. E não foi pouco. Você quis conhecer novas pessoas, você meteu a cara no trabalho, você viajou, você até tentou aprender outra língua! Entretanto você nunca se sentia completa, satisfeita, realizada. Era maior do que você. Eu sempre compreendi isso, porém você não. Você não se conformava por ter um "tudo" que era incompleto. 
Você queria desesperadamente tapar aquele buraco. Mas, querida, era como forçar seu corpo a colar pedaços com cuspe quando o que se usa para isso é cola. Sim, era o universo conspirando contra você! 
Você iria ser sempre incompleta. O pior de tudo é que foi escolha sua. Você o deixou ir. E o fez quando o que mais precisava era de amor. E amor, meu bem, não se compra.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Das coisas incompreensíveis


Enquanto ele andava ao meu lado, tentei encontrar algo ali, em mim. Qualquer pista, qualquer sinal, de qualquer coisa que fosse. Quem sabe um frio mínimo na barriga, alguma ardência nas bochechas, ou talvez uma gotícula de suor frio nas mãos? Mas nada. Eu não sentia nada, por mais que quisesse (eu queria?). Fui até o âmago do meu ser, entretanto nada além de um imenso e insondável vácuo. E era como se eu não mandasse em mim mesma (talvez não mande mesmo), como se eu não fosse eu, não fosse minha. Se eu posso correr, pular, pegar um livro numa prateleira alta, por que diabos não posso enfiar amor no meu coração? Por que eu só quero quem não me quer, quem não está dando a mínima para mim? Por que eu não posso retirar esse amor e pôr outro – duradouro e recíproco – no lugar? Afinal, quem está no meu controle? Que espécie de “máquina” doentia eu sou que prefere magoar-se todos os dias a querer alguém que me quer? Seria tão bom se fôssemos capazes de seguir somente nossa razão. As nossas emoções só nos fazem afundar, afundar e afundar cada vez mais em nós mesmos e em nossas ilusões. Cansei delas, sério.


Ele continuava ali, ao meu lado, caminhando. Chegamos ao nosso destino e nada, nada de eu conseguir encontrar uma faísca sequer de amor no meu peito.

sábado, 9 de junho de 2012

O sujo e o mal lavado

Em um bar, às nove da noite, um grupo de amigos que não se via há muito tempo marcou de se encontrar.
Entre o vai e vêm de assuntos, os colegas começaram a falar de suas mulheres e sua vida particular, até que um deles segreda:
- Eu não sei mais o que fazer. Estou apaixonado por três mulheres ao mesmo tempo e tenho a certeza de que todas elas me amam. Eu não sei com quem ficar.
Os que não tinham mulheres o olharam com inveja, como se pensassem "me empresta uma", os que tinham não cansavam de dizer "espertinho...", mas somente um se manifestou total e irrevogavelmente contra:
- Como assim, cara? Isso é um absurdo. Você precisa escolher uma e acabar com essa farra. Quando elas descobrirem que você as trai, tem noção de como irá magoá-las? Elas têm sentimentos, meu amigo. Se você as ama como diz, precisa pôr um fim nisso e já, porque senão tudo virará uma bola de neve e, quando você acordar desse "sonho", será impossível juntar tudo e remendar, como nós homens insistimos em fazer sempre.
- Eu sei, eu sei. Mas eu amo as três. É impossível se decidir por uma só. O que eu faço?
- Fique sem ninguém, ora. Vai ser melhor, eu garanto. Um dia, você encontrará a pessoa certa e esta valerá mais que todas as mulheres juntas desse mundo.
- Nossa, colega. Sua mulher deve fazê-lo muito feliz! Quem dera eu se tivesse essa felicidade!
- É, elas me fazem muito feliz, mesmo.
- Elas? Como assim? Você tem filhas?
- Não, refiro-me às minhas duas mulheres. 
De repente, todos, que estavam prestando atenção à conversa, olharam desconfiados e o que tinha três mulheres falou ao que tinha duas:
- Mas não foi você que disse que isso era um absurdo? Que elas têm sentimentos e que eu iria magoá-las?
- Foi, amigo. Eu sei que duas mulheres é muito, mas eu só o aconselhei porque três, convenhamos, três é demais.