quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ele se foi


E só quando eu ouvi o barulho da porta ao bater, me dei conta do que fiz. 

Há muito tempo eu sabia que ele não me amava mais, não me olhava como antes, não dizia as coisas que costumava dizer. Mas eu fingia que tudo estava bem, que não notava. E tudo isso por causa dela.
Depois que ela chegou, ele mudou totalmente. Eu sei que ele ainda gosta de mim, mas não como antes. Não existe mais aquela urgência, aquela necessidade de estar junto que ele costumava ter. Os seus olhos não brilham mais e até os beijos tornaram-se mais frios e distantes. 
Cansei de notar como ele ficava encabulado com a presença dela. Fazia de tudo para chamar sua atenção. Arranjava mil e um motivos para bater um papo. Sentava perto dela, perguntava que horas eram mesmo tendo um relógio. Pouco a pouco, foi me deixando de lado. 
Ele não falava nada sobre, e aquele silêncio era a pior coisa que podia existir porque, como ele bem deve lembrar, só aceitei namorá-lo com a condição de que, se um dia ele viesse a se apaixonar por outra pessoa, eu seria a primeira a saber. 
Mas acontece que ele gosta demais de mim para me magoar. Não gosta do jeito que eu queria que gostasse. Ele só me quer bem. E eu seria a pior pessoa do mundo se continuasse o mantendo preso a mim, num relacionamento que perdeu a reciprocidade. "Amar é libertar", escutava sempre. Falar é fácil, difícil é libertar quem se ama.
Entretanto, sabia qual era a coisa certa a se fazer.

Ele veio à minha casa e despejei tudo. Fui mais doce e calma do que esperava ser e ele apenas concordava, meneando a cabeça. Lembrei-lhe da minha condição e ele abaixou a cabeça, com um ar triste. Deixei-o livre para escolher ficar ou ir. Um breve silêncio se fez e ele veio até mim e beijou carinhosamente minha testa. Bateu a porta atrás de mim e se foi
O que foi que eu fiz? Tinha absoluta certeza que nunca encontraria igual a ele. Ele era perfeito para mim. Mas ele se foi. E pior, eu o deixei ir. Será que aquilo não era só uma fase? Podia passar, não podia? Se ele se apaixonou uma vez por mim, poderia se apaixonar de novo, não é? Não. Não. Não. 
Eu sabia, bem lá no fundo, que o que fiz tinha sido a coisa certa. Porém, eu faria tudo para que o certo fosse o errado, pelo menos dessa vez.


P.S.: Se você quiser me ajudar na votação do Oscar Blog 2011 clique aqui. Obrigada.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tchau, 2011!


E passou. Mais um ano está no fim e eu só tenho que agradecer. Agradecer por estar bem e ter saúde suficiente para correr atrás do que eu não consegui alcançar este ano. 
Não que 2011 tenha sido muito significativo; não aconteceu nada muito memorável, nenhum dos meus grandes sonhos se tornaram reais e eu continuo me sentindo solitária. Mas, eu estou mais velha. Não necessariamente mais inteligente ou esperta que há um ano atrás, mas ainda assim mais velha. 
Não sei se fico feliz por ter tido a oportunidade de viver mais um ano ou triste por ter menos um ano para viver (alguém me entendeu; não, né?). Enfim, isso já é besteira minha.
Decidi não fazer planos muito ambiciosos para 2012, porque eu sempre acabo extremamente frustrada por não realizá-los. Lembro das listas que já fiz nas passagens de ano. Aquelas que, quando você consegue realizar o que está na lista, você risca. Pois bem, eu sempre perdia as minhas listinhas e esquecia o que ali tinha escrito. 
Por isso que eu vou pedir só o essencial ao pular minhas sete ondinhas: tipo saúde, paz, amor (amor!), felicidade, dinheiro e coisas assim, que são os ingredientes necessários para realização dos desejos, aliados, claro, ao "querer e correr atrás" da pessoa. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas.
Eu sei que vou desejar mais que tudo as minhas férias novamente quando o ano começar pra valer (ou seja, quando as aulas começarem), mas eu estou ansiosa para 2012 e para o "duro" que prometi dar à minha mãe. Quem me conhece, sabe que eu sou esforçada e tudo mais, porém, vai ser ano que vem que, finalmente (e até que enfim), eu começarei o meu curso de inglês. Meu inglês é horrível! Por isso, se eu já me esforçava tendo só a escola (e o blog né, claro), vou ter que duplicar esse esforço por causa do curso. MAS EU VOU AMAR, podem acreditar. Tenho tempo de sobra, e nesse tempo eu poderia fazer algo muito mais útil do que só escrever abobrinhas e chorar vendo filmes românticos.
Não sei se acredito ou não naquelas pessoas que "preveem" como será o ano seguinte para os outros, mas às vezes elas acertam, não é? Esses acertos sendo coincidências ou não, vi na TV que quem é do signo de Escorpião terá muita sorte no amor em 2012. Será?
Só quero que 2012 seja bom para mim. Mas isso só vai acontecer se eu entender que o problema não é o ano, mas sim eu mesma. Não é o ano que tem de ser melhor, mas sim eu, a Luana com um ano a mais, que tem de ser melhor que a de 2011. Boa sorte para mim? Não, boa sorte para nós! Que sejamos pessoas melhores nesse novo ano.

Feliz 2012! 

domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Eu desejo a todos vocês um Natal cheio de alegria e paz! Que possamos encontrar a felicidade nas coisas simples, enxergar muito além da aparência e dar valor ao que realmente importa.
Se 2011 foi um bom ano, espero que 2012 seja esplêndido.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Notar


Ela não me notava. Eu queria estar com ela. Queria poder dizer-lhe que ela é tudo de que preciso. Que seu sorriso, encantador como só ele, é o que me faz sorrir também.
Queria poder estar por perto sempre que precisasse de alguém. Dar-lhe meu lenço, um ombro, uma carona. Dar-lhe um beijo. 
Queria pode contar-lhe como ela é linda. De que fica bem com ou sem maquiagem, com cinco quilos a mais ou a menos.
Queria poder sentir a textura do seu rosto, a maciez do seu cabelo, o calor do seu corpo. Queria ouvir sua voz doce e encantadora sussurrar meu nome. Queria sentir como é acordar todos os dias ao seu lado, sentir sua cabeça recostada em meu peito, os dedos passeando pelo meu braço. Queria poder reconfortar-lhe com um abraço. Dizer-lhe mil palavras com o olhar. E eu, antes de conhecê-la, podia jurar que isso tudo era baboseira de mulher. Mas é coisa de quem ama.
Queria gritar para o mundo que ela era dona do meu coração. Que me fazia sentir borboletas no estômago. Que me fazia tremerem as pernas. Que me fazia suar frio. Que me fazia gaguejar ao falar. Que me fazia sentir atordoado, completamente apaixonado. 
Mas ela não me notava.
Por mais que desse a entender, escrevesse poemas, mandasse-lhe recados, chamasse-a para sair, enviasse-lhe buquês, chocolates, dissesse-lhe elogios, preocupasse-me com ela, morresse e ressuscitasse diariamente por amor.
Não, ela não me notava. E isso era uma merda. 


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Nostalgia #1 - Mudança

Pode ser que eu seja meio neurótica, mas tenho medo de esquecer minhas lembranças quando a idade for chegando. Por isso, sempre que me lembro de um momento marcante da minha vida, eu vou lá no meu caderno e escrevo, na esperança de que, algum dia, quem sabe, quando minha memória falhar, eu possa ler e reviver tudo quantas vezes quiser, todos os dias.
Resolvi postar alguns dos meus textos aqui (adaptados, é claro, porque eu vou sempre omitir as partes mais pessoais), começando por este. Mas vou logo avisando: não são recordações grandiosas, são coisas bem bestas até... mas que, de algum jeito, conseguiram me marcar.

Não lembro o ano, nem muito menos o dia, mas o momento está intacto aqui, na minha memória. 
Há mais ou menos 7 anos, eu me mudava de casa. No começo, achava o máximo: uma casa nova, um quarto só para mim, um quintal enorme. Até que chegou o dia de, finalmente, mudar-me. Enquanto minha mãe com a ajuda de terceiros (não lembro quem eram as pessoas, talvez a idade esteja mesmo chegando) empacotava tudo, eu estava na sala – amontoada de coisas – lendo e relendo minhas histórias em quadrinho.
Nesse dia, tive minha primeira experiência de quase morte. Eu estava com sede e resolvi tomar água. Fui ao armário pegar um copo, mas, mal sabia eu que meu tio (eu acho) já havia despregado-o da parede. Tomei o maior susto da minha vida quando vi aquele armário caindo na minha direção. Graças a Deus eu fui mais rápida e ele sequer me atingiu. Eu nunca fui tão veloz na vida: num instante, eu estava na frente do armário que estava caindo; no outro, já estava na sala, ofegante, com o coração acelerado, ouvindo o armário cair e se despedaçar. Logo todo mundo correu para me ver e eu estava tão nervosa, que demorei a explicar o que tinha acontecido. Se eu não me engano, comecei a chorar. Posso dizer com todas as letras que aquilo foi um milagre.
Bem, depois eu me mudei. Odiei a casa nova. Chorava todas as noites. Não sei por que a odiava, talvez fosse implicância de criança. Lembro que numa noite fui até ao quarto da minha mãe, chorando, querendo voltar para minha antiga casa, aquela onde dormia no quarto dela (mesmo sendo em camas diferentes), onde, quando eu estava sem sono, podia pedir (ou melhor, implorar) para ela cantar, mesmo cantando muito mal.
Lembro que ela me disse que, em um mês, se ainda não estivesse habituada a nova casa e quisesse voltar, voltaríamos.
Passou-se um mês, dois, três, um ano, dois anos... oito anos e, sabe de uma coisa? Eu ainda desejo voltar. Mas a promessa não foi cumprida.
E foi naquela época, com oito anos, que, depois de reclamar a promessa com minha mãe, entendi que nem todas as promessas são cumpridas. E foi com oito anos que percebi que não importa se a promessa foi feita pela sua própria mãe. Os adultos subestimam as crianças. Acham que elas esquecem, que o tempo passa, nunca acham relevante o que elas dizem sentir. Mas não é bem assim. Lembro de como fiquei frustrada. Lembro que tive de viver na casa forçadamente.
Hoje ainda moro na mesma casa, e não a odeio mais. É evidente que agora compreendo minha mãe e os seus motivos para nos mudar, e que, realmente, não dava para voltar para casa antiga. Ela pensava que eu era criança demais e não conseguiria entender se ela me explicasse tudo, ou seja, subestimou sua filha.
Apesar de tudo, ainda prefiro a casa da minha infância, onde tudo era mais doce e simples.

Adaptado do meu caderno.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Você, eu


Você, eu.
Assim, sempre com uma vírgula no meio. Impedindo qualquer aproximação.
Você estava lá, eu estava cá.
Você saia, eu entrava.
Você fechava, eu abria.
Você silenciava, eu gritava.
Você dormia, eu acordava.
Você nadava, eu voava.
Você sorria, eu chorava.
Você falava, eu escrevia.
Você via o sol aparecer no horizonte, eu o via se pôr.
Você inspirava, eu expirava.
Você levantava, eu sentava.
Você ia, eu voltava.
Isso durou um longo tempo. A vírgula não arredava o pé, não abaixava a guarda. Até que o amor se fez presente. 

Você me amava, eu te amava.
Não, redundante demais. Finalmente a vírgula, que antes era uma barreira impenetrável, deu-nos liberdade.
Nós nos amávamos. 
Isso! Bem melhor... extremamente melhor! Agora a frase tinha apenas uma oração. Nada de vírgula. Nada de tabu. Seria assim, para sempre. Nós. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Christmas


O Natal é a data favorita de muita gente, inclusive a minha. Eu espero pelo 24 de dezembro o ano inteiro, e quando esse dia chega, fico contando os minutos para a meia-noite. 
É a única época do ano em que minha família se reúne. Conversamos, rimos, choramos (minha tia sempre faz alguém chorar), ganhamos presentes, brincamos... mas tudo isso nem é o mais importante. O mais importante é que estamos juntos. Mesmo se nos reuníssemos para fazer nada, seria igualmente especial, porque estaríamos todos ali, presentes, como a família feliz mas nada perfeita que somos. 
Acho que também gosto tanto dessa data porque a cada Natal eu me sindo estranha, mais independente, mais velha. É óbvio que eu estou mais velha, claro, porém essa minha velhice é meio que "recente", já que, no Natal, faz pouco tempo que completei mais um ano de vida e ainda estou me acostumando com a ideia.

O que mais me impressiona no Natal é o espírito de união que nos faz perdoar erros imperdoáveis, esquecer o inesquecível e dar mais uma chance para quem não tinha chance alguma conosco. 
É a época de rever o ano, seus atos e fazer sua balança: e aí, você fez mais coisas boas ou más? Você se alegrou ou se entristeceu mais? Ganhou ou perdeu amigos? Acabou o ano com a certeza de que fez tudo o que deveria?
A balança muitas vezes pode não ser favorável, mas não se esqueça de que muitos outros anos virão (ainda bem!), e ainda teremos tempo suficiente para fazer tudo aquilo que, por algum motivo, acabamos não fazendo em 2011.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Varrendo a casa

Como eu decidi varrer a casa por livre e espontânea vontade, acho que nada mais justo do que varrer somente aquilo que quero, ou seja, varrer somente onde está mais sujo, ou melhor dizendo: "varrer por cima". Já que eu, milagrosamente, fui lá, com enorme esforço, pegar a vassoura, é justo sim que eu varra o que quiser, ninguém me mandou mesmo. Vamos ver, onde está mais sujo? Ah, claro, a cozinha! Ela é sempre a parte mais suja daqui de casa... 
Nossa, nunca tinha reparado como essa cozinha é enorme! E esse móveis são pesadíssimos! Oh, meu Deus, quanta sujeira aqui em baixo! Parece mais um refúgio delas... Será que poeira se comunica? Dã, Luana, claro que não, poeira não é ser vivo; mas aqui está cheio de formigas também! Formiga é ser vivo, disso eu sei. Mas, o que elas estão fazendo aqui, todas juntinhas, deram uma festa? Melhor varrê-las, coitadinhas, não posso matá-las; mas se bem que, de vez em quando, uma delas me morde sem nenhum motivo aparente. Chegou a hora da vingança! Onde está o veneno?
Ufa! Que cozinha enorme! Quase não acabo... mas enfim. Olha como ela ficou limpinha! Tenho que pegar minha câmera para uma foto do antes e do depois. Ah... não acredito... eu não tirei foto do "antes". Mas eu quero uma foto do "antes"! Já sei... só se eu varrer outro cômodo... Mas, e a minha preguiça? Deixa eu refletir... minha mãe sempre varreu a casa para mim e nunca pediu nada em troca, e eu nunca dava sequer um "obrigada". Todos os dias, ela varria não só a cozinha, mas a casa inteira... e eu aqui, com a cozinha limpinha e o resto da casa suja por pura preguiça! Além de varrer outra parte da casa e ajudá-la, eu ainda poderia bater minha foto do "antes". Isso, decidido, varrerei outro cômodo... todavia, qual? Hum... a sala! Isso, com certeza a sala! É lá que as visitas geralmente ficam, elas muitas vezes nem entram para ver o interior da casa. A sala é como a capa de um livro: as pessoas, geralmente, julgam a casa inteira por ela.
OH. MY. GOSH. Essa sala está parecendo maior do que a cozinha! But, tudo bem, eu prometi a mim mesma que varreria a sala. Que espécie de pessoa serei eu se não cumprir com as promessas que me faço? Olha, uma gota de suor! Lembro que minha professora do Fundamental I dizia quando suamos é porque o trabalho que estamos fazendo é duro. Põe duro nisso! Acho que vou colocar um CD... varrer cantando é sempre mais relaxante.
Finalmente, sala limpa! Nem foi tão horrível assim. Cof, cof, cof... mas que tosse idiota é essa? Meu nariz não para de coçar... Ah, claro, já sei! Lembrei que minha mãe disse que sempre tusso quando durmo sem varrer o quarto e, se me lembro bem, ontem não varri aquele bendito quarto antes de dormir. Deixa eu ir ver o estado dele...
Eureca! Esse quarto está horrível, precisando de uma vassoura urgente! Ok, preciso refletir. Eu estou com preguiça e tosse. Se eu não varrer o quarto e ignorar a tosse, minha tosse aumentará. Se eu varrer o quarto e ignorar a preguiça, minha preguiça aumentará. Preguiça não mata ninguém... mas já a tosse! É, é melhor eu varrer esse quarto! Sou muito jovem para morrer.
Aleluia! Até que fim, quarto limpo... Como é bom cumprir com nossas obrigações. Sabe aquela sensação de alívio? Se eu fosse a casa, posso imaginar a minha felicidade tendo um quarto tão limpinho! Eita... mas, espera, essa casa tem três quartos e apenas um está limpo! Se eu, realmente, fosse essa casa, me sentiria sendo vítima de uma injustiça! Como assim um quarto é privilegiado? E os outros? Imagina se eu tivesse três filhos e só desse banho em um? Não, isso não está certo. Se tem uma coisa que eu não sou, é injusta! Agora tenho de limpar os outros quartos! E isso é porque só limparia a cozinha... Está vendo, Luana, onde você se meteu? Ô vida! Mas, espera aí, e os banheiros? 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Orgulho

Resolvi dar uma olhada nas fotos antigas, talvez para lembrar a mim mesma de que, um dia, já tive uma família e uma vida feliz. Uma foto me chamou a atenção. Uma se destacava em meio as outras. 
Era um dia de calor e o sol ardia forte, eu estava em cima de uma árvore tentando me equilibrar a todo custo e não cair, de olhos fechados e com um sorriso bobo na cara. Quem visse tal foto, com certeza pensaria que a pessoa era uma retardada. Que mulher faz isso com os seus dezenove anos e meio? Eu fiz. 
E, de repente, veio a lembrança alegre daquele momento:

-Sorria! – Ele gritava ao longe, enquanto eu tentava me equilibrar no tronco de uma árvore. – Não se preocupe com a distância, seu sorriso é tão encantador que pode ser visto a quilômetros – quem sorria agora era ele.
Tinha certeza de que, por causa dos raios do sol batendo no meu rosto, havia saído de olhos fechados. Corri para confirmar. 
- Ah, não vale, veja os meus olhos! Estão fechados!
- Natural é mais bonito, não acha?

Nesse mesmo instante, olhando para aquela foto tão antiga, eu tive a maior certeza da minha vida: se eu quisesse, poderia voltar, porque o meu lugar ainda estava guardado. O meu lugar de filha sempre estaria lá. Não importa quão estúpida e orgulhosa seja essa filha, não importa que ela não consiga, simplesmente, pedir perdão; um pai é um pai, e eles são mestres em perdoar. Acontece que, às vezes, o orgulho fala mais alto. E, no meu caso, o orgulho não só falava alto, ele gritava.



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Casa comigo?



Ele, lento o suficiente para fazê-la enlouquecer, tirou do bolso uma caixinha vermelha e começou a abri-la vagarosamente, o que a fez subtender a situação. Depois de segundos que pareceram séculos, o conteúdo da linda caixinha foi revelado: um anel daqueles que de tão lindo, só podia pertencer a alguém da realeza. Ele ficou satisfeito, claro, com a expressão boquiaberta e o brilho no olhar dela. Aquele fora o melhor e mais acessível anel que encontrara durante um mês procurando em todo e qualquer tipo de lugar. Ele era uma explosão só. Sua vontade era de gritar, mas permaneceu onde estava não por causa da inércia, e sim porque sempre gostava de manter o bom senso e ser o mais discreto possível. Aqueles olhos só podiam dizer uma coisa: ela aceitaria, esqueceria o passado e se tornaria sua mulher. Apesar de já saber a resposta, ele precisava de uma prova real, talvez para fazê-lo crer que aquilo não era mais um sonho.
- Então? Casa comigo?
- Lucas, o anel é simplesmente lindo e acho que deve ter custado muito caro, mas... – Ela esforçava-se para concluir, porém faltava coragem.
- Mas...? – Ele sabia que essa conjunção adversativa não era um bom sinal.
- Mas eu não posso me casar com você. Se não lembra, você que me deixou. Eu me apaixonei por outro. E com ele será diferente.
O que deveria ser um sonho transformado em realidade, virou o pesadelo que ele temia. Era isso mesmo?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dentro do seu abraço


Dentro do seu abraço é onde eu queria estar.
Aquele abraço bem gostoso, carinhoso, que só você sabe dar.
Aspirando seu perfume e esquecendo minhas preocupações.
Porque, não importa aonde eu vá, se estiver com você, estou sem aflições.
Seria ótimo se sorrisses para mim.
 Se seu sorriso não existisse, tenho certeza, a vida não seria tão bela assim. 
Só penso em você; venha, preciso desse abraço, uma vez que sem você é como se me faltasse um pedaço.

Eu queria escrever algo diferente; saiu isso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

É preciso acreditar


Era verdade, mas ela acreditava que era mentira, então tudo ficou por isso mesmo, já que ele não insistiu. Poderia ter sido diferente, se ela acreditasse mais nas pessoas. Talvez a culpa não seja dela, gosto de pensar que a culpa é do mundo, que criou nela uma desconfiança de tudo e todos. "Desconfie", era o que diziam, "nada é o que parece e mentiras são ditas como verdades incontestáveis todos os dias." Mas quem mandou levar ao pé da letra? Quem mandou ser certinha demais? Por que ela não acreditou na rara exceção que apareceu na sua vida? Por que não deu uma chance? Machucar-se faz parte da vida. 
"Eu te amo", ele dissera.
"Mentira", ela retorquiu.
Agora chora. Lágrimas merecidas.


"É difícil acreditar que um homem está a dizer a verdade quando você sabe que mentiria se estivesse no lugar dele."
Henry Mencken

sábado, 19 de novembro de 2011

Eternamente


Eu quero que tudo comece com uma grande amizade. Conheceríamos um ao outro e simpatizaríamos logo de cara. Conversaríamos horas e horas pelo telefone, mandaríamos mensagem de texto para dizer “bom dia”, iríamos às estreias de filmes juntos, faríamos os deveres de casa, tomaríamos sorvete e iríamos acabar percebendo que temos mais em comum do que imaginávamos. Daí chegaria o constrangimento. Sentiríamos certo desconforto ao sentar perto de mais, ao acabar o assunto, ao cruzar dos olhos sem querer, ao, por impulso, encostar das mãos uma na outra. E a coragem de admitir que aquilo virou algo além de amizade? Eis o impasse. Mas, é claro, para isso existem aqueles amigos que, por mais que às vezes sejam importunos, sempre dão um empurrãozinho que faz a maior diferença. Já posso imaginar a euforia do primeiro encontro, a sensação do primeiro beijo, a alegria de não precisar reprimir sentimentos. Brigaríamos só pelo prazer de reatar, sairíamos com o mau tempo só para tomar banho de chuva, fingiríamos estar para baixo só para chamar a atenção do outro e, quem sabe, escutar um “eu te amo” bem gostoso; afinal, por que não escutar mesmo aquilo que já se sabe?  Os dias passariam tão rapidamente que nem notaríamos, uma vez que o amor estava tão forte como no dia em que reconhecemos amar. Alguns conflitos ali, uns gritos aqui; contudo nada realmente relevante que pudesse desviar o caminho de duas almas tão perfeitas. Vem o casamento, os filhos, a vida em conjunto; e o que antes era fantasia, conto de fadas, passa a virar uma realidade nua e crua. Seria isso um problema? Não há barreira que o amor não destrua. Acharíamos o ritmo e educaríamos nossos filhos da melhor maneira possível. Seríamos profissionais realizados e um casal eternamente apaixonado. Viajaríamos nas férias, passearíamos nos finais de semana, faríamos lindas surpresas nas datas especiais e superaríamos juntos qualquer tabu que se colocassem à nossa frente. A velhice chegaria, mas iríamos continuar firmes, fortes e, principalmente, juntos: um ao lado do outro, como foi durante a vida inteira. Morreríamos num intervalo de tempo pequeno, porque a ausência do outro seria demasiada grande para ser suportada. Sim, morreríamos como tem de acontecer com todos, porém sempre seríamos lembrados como um exemplo a ser seguido, exemplo de como o amor pode permanecer vivo e ativo no coração de qualquer um, eternamente.  

(ok, às vezes eu sou bastante melosa.)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

The Star


Sabe a estrela mais bonita do céu? Você sempre a aprecia de longe, sem poder tocá-la nem olhá-la mais de perto. Você apenas tem de se contentar a saber que ela ilumina sua vida, apesar de saber que são muitas as pessoas que a apreciam e que recebem sua luminosidade também. A estrela apenas está lá, fazendo o seu dever e enchendo de inveja qualquer estrelinha menor e menos brilhante que ela. Mesmo que você sonhe todo dia com ela, no fundo, você saber que seus sonhos não vão se realizar, simplesmente não vão. Não porque você não seja capaz de correr atrás, mas porque contraria a natureza do mundo. Você, mesmo sabendo que nunca se conformará, tem a certeza de que continuará para sempre apreciando a estrela de longe, torcendo para que seu brilho nunca acabe, sua beleza nunca diminua. Tudo que você quer é que a estrela seja feliz; claro que seu desejo era contribuir nessa felicidade, mas, se é impossível... Então, estrela, saiba que a senhorita era personagem principal dos meus sonhos e a razão da maioria dos meus sorrisos bobos; continue iluminando o mundo com o seu brilho incomum, e seria ótimo se o vento pudesse levar-lhe a imensidão de coisas que guardo aqui, comigo, no recanto do meu coração.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ainda 14

(feia)
Dia 20 de Novembro, dia da consciência negra e do meu aniversário. Lembro que quando eu era menor, perguntava-me porque não era negra, já que tinha nascido nesse dia. Perguntas de criança...
Não consigo assimilar a ideia de que já serão quinze, quinze anos vividos! E pensar que até um dia desses eu ainda me via dizendo que tinha treze, doze, sete aninhos. Tudo bem, já faz bastante tempo que tinha sete anos e que a vida era só lazer. 
Com quatorze anos eu fiz esse blog, terminei o 9º ano do fundamental, aumentei meu amor por livros, criei uma caixinha dos sonhos, conheci (meu lindo) Sherlock Holmes, tirei o aparelho, cortei (estraguei) meu próprio cabelo, quase conheci o Zeca Camargo (quase!), cantei, sorri, pulei, chorei e escrevi isso aqui também. Bom, não lembro muito o que aconteceu comigo, só sei que, claro, aconteceu o que deveria acontecer. Coisas que eu não queria que se sucedessem, sucederam; e as que eu queria que sucedessem, não sucederam e, enfim, a vida é assim. 
Eu só espero que tudo que eu não tenha conseguido realizar com quatorze, realize com quinze ou com dezesseis, não importa muito a idade, porque as coisas que realmente importam demoram para chegar. Eu espero. Não sou tão velha assim, ainda tenho 14 anos e 361 dias e muita vida pela frente. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meus versos sofridos

Como estou fazendo as provas do quarto bimestre (férias!) e me falta tempo para escrever, eu resolvi arranjar uns minutinhos e postar uns versos sem graça, hehe que tenho anotado há um tempo considerável. Não notem a simplicidade, gente! Sou péssima com rimas, passo horas para escrever quatro versinhos.


Todos meus sonhos perdidos
Estão a me esperar
Em lugares escondidos
Para que eu possa os achar


 



Tenho em mente a verdade
Que paira no meu coração
Encontrada seja a felicidade
Na letra de cada canção
(e o sentido disso? Cadê?)
Real possa ser sua utopia
Num mundo cheio de desilusão
Viva na sua magia
E veja o mundo com o coração






A vida é singela:
com beijos azuis,
poses amarelas
e abraços cor-de-rosa...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

I hear melodies when your heart beats*


Ela colocou seu ouvido sob o peito aquecido dele. Suas batidas tinham um compasso que só ela entendia, e que só o seu próprio coração completava. Dois corações apaixonados batendo só pode resultar numa sinfonia desajeitada. Mas que importa? Eles estão juntos e felizes... isso sim é importante. O amor é tão singelo com seus suspiros e lágrimas. Só nos cabe aproveitá-lo, porque, tirandos raras exceções e os contos de fadas, ele não é eterno. Dura pouco; já que tudo que é bom dura pouco mesmo.
Em meio a tantas notas repetitivas (tum, tum, tum), ela sussura suavemente, cheia de amor, dos pés à cabeça:
- Eu escuto melodias quando seu coração bate.
- Ah, é? Pois eu escuto meu nome quando o seu bate.
- Convencido... - finalizou ela.
E assim ficaram os tais apaixonados: compartihando batidas e aproveitando o amor.

* Trecho da música "Fa La La", Justin Bieber (feat. Boyz II Man).

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conselho


Querida amiga,
Às vezes, fico meio calado. Obrigado por entender meu silêncio. Sabe, é ótimo não ter que manter uma conversa forçada com você. Somente apreciamos a companhia um do outro; nenhuma palavra precisando ser dita. Alguma vez posso lhe fazer chorar, é evidente, mas as alegrias enxugarão suas lágrimas de dor. Noutra, sua barriga doerá de tanto rir. Lembre-se dessas dores de euforia quando eu esquecer de te ligar, quando não fizer algo de seu agrado. Lembre-se dos bons momentos quando um mau aparecer; é isso que faço!
                                         Do seu amigo de sempre (eu acho),
Paul.

domingo, 30 de outubro de 2011

Tudo que fui


Sou orgulhosa demais para perdoar, geniosa para esquecer e inteligente o suficiente para voltar a ser tudo que fui um dia, antes de você me aparecer.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De repente, não mais que de repente



SONETO DE SEPARAÇÃO

Vinícius de Morais

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

domingo, 23 de outubro de 2011

Um clássico!

"Ora, o tal bichinho chamado amor é capaz de amoldar seus escolhidos a todas as circunstâncias e de obrigá-los a fazer quanta parvoíce há nesse mundo. O amor faz o velho criança, o sábio doido, o rei humilde, cativo; faz mesmo, às vezes, com que o feio pareça bonito e o grão de areia um gigante. O amor seria capaz de obrigar um coxo a brincar o tempo-será, a um surdo o companheiro companhão e a um cego o procura quem te deu." (p.117)

"O amor é um azol que, quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente, donde, se não com jeito destravado, por mais força que se faça mais o maldito rasga, esburaca e se aprofunda."(p.120)

"Tudo neste mundo é mais ou menos compensado; o amor não podia deixar de fazer parte da regra. Ele, que de um nadazinho tira motivo para prazer de dias inteiros, que de uma flor já murcha engendra o mais vivo contentamento, que por um só cabelo faz escarcéus tais que nem mesmo a sorte grande os causaria, que por uma cartinha de cinco linhas põe os lábios de um pobre amante em inflamação aguda com o estalar de tanto beijos, se não produzisse também agastados arrufos, às vezes algumas cólicas, outras amarguras de boca, palpitações, ataques de hipocondria, pruído de canelas, etc., seria tão completa a felicidade cá embaixo que a terra chegaria a lembrar-se de ser competidora do céu." (p.123)
A Moreninha - Joaquim Manuel de Macedo

Eu, realmente, subestimei o livro A Moreninha. Quando comecei a lê-lo, as pessoas me perguntavam o que estava a achar, e eu sempre dizia "é meio chatinho". Na realidade, como o livro é bastante antigo (foi lançado em 1844 e é considerado o primeiro romance da literatura brasileira), é meio difícil de se inserir no enredo, principalmente porque o livro está cheio de expressões da época e palavras que entraram em desuso há muito tempo. E muitas expressões em francês, também.
Esse romance, inicialmente, foi dividido em capítulos e publicado em folhetins, e alcançou grande repercussão, já que (segundo eu li) a leitura era de fácil compreensão e as pessoas que pouco estudaram também entendiam.
Eu tenho esse livro desde os meus 10, 11 anos de idade. Lembro que comecei a lê-lo mas não passei das primeiras páginas, não estava entendendo nada e achava a história muito chata. Um dia desses, arrumando umas coisas, achei-o e lembrei-me da sua existência. Lá vai eu começar a devorá-lo.
No começo, eu, pelo menos, estava achando tudo muito cansativo. São muitos diálogos e o autor alonga demais uma história que poderia ser resumida em 2 páginas. O essencial só vai acontecer nas últimas folhas do livro e remete a um acontecimento lá do início, que eu nem lembrava direito. Mas foi justamente esse fim que mudou minha opinião. O Joaquim Manuel de Macedo consegue dar um final maravilhoso à obra, e, principalmente, o final é feliz. Sem conflitos e vilões! O legal é que quando eu estava na antepenúltima página, não via como àquilo poderia terminar bem (eu já tinha lido em algum lugar que, no final desse livro, tudo ia dar certo), e daí vem a surpresa.
A leitura, quando vai chegando ao fim, é super melosa (a minha cara)! Podem notar que essas frases do início da postagem são do final do livro.
A leitura é super recomendada, tanto para os que gostam de ler sobre amor, quanto para os que querem conhecer um pouco mais sobre o Brasil do século XIX.

sábado, 22 de outubro de 2011

Contagem regressiva

Gotas. Gotas de água da chuva caíam como a timidez de uma criança em lugar estranho. O tique-taque enlouquecedor do relógio não a deixava pensar. Podia-se ouvir ao longe gargalhadas. O ano novo estava chegando. E com ele, a mesma vida de sempre.
A janela aberta deixava entrar um vento gélido, que a entorpecia. As mãos frias lutavam para aquietar os cabelos, que pareciam querer voar longe dali.
Cinco: ele a presenteara no seu aniversário; quatro: diferente de muitos, ele aparentava ter um cérebro; três: era o único que a entendia; dois: talvez seu "eu te amo" fosse verdadeiro; um. Fogos de artifício explodiram no ar. O ano novo chegou. Veio também a certeza. E ali, assim, ela soube que sim, amava-o.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

12 de outubro

Desenhar as nuvens azuis e o céu branco e não se importar com isso. Chorar por uma coisa que você sabe que seus pais não podem comprar. Assistir desenhos quando não se tem nada mais a fazer. Beijar sua mãe na frente de quem quer que seja. Preocupar-se com a pintura que não saiu perfeita, com a água gelada do banho e com os legumes do almoço. Ter sempre no rosto um sorriso inocente, de quem não compreende a vida mas sabe aproveitá-la como ninguém.
Criança... saudades de quando era uma.

"Nunca ninguém conseguirá ir ao fundo de um riso de criança."
Victor Hugo

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Bastarda

Como se ela tivesse culpa. Talvez achem que isso muda muita coisa na sua vida, mas não muda nada. Saber disso, perceber isso... Sim, e aí? Tudo ficou igual. Ela continua amando quem amava, considerando quem considerava...
Entra por um ouvido, faz menção em parar mas passa direto e some, sem voltar. Bastarda. Soa tão... tão... tão nada para seus ouvidos sensatos. Queria ela contar isso, contudo, sem dúvida, é melhor que continuem achando um monte. Achando, inclusive, que essa palavra a desconfigura e a desmancha; quando, na verdade, não a causa nada. Simplesmente nada.
É como se eles pensassem que ela se importa. Deixemos eles continuarem pensando isso, afinal, a palavra tem mais impacto para eles, do que para a própria (bastarda).

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Não há nada que o esforço não traga, eu acho

Eu amo escrever. Eu odeio não ter a inspiração necessária para transformar todos os meus projetos de histórias, em histórias reais. Se tem uma coisa que invejo, é a habilidade de certas pessoas com as palavras. Elas fluem com tanta facilidade, que me pergunto se isso pode ser um dom. Se for um dom, eu não o tenho. Mas, se toda essa habilidade for algo que se possa conseguir com esforço, talvez, um dia, eu chegue lá e cause inveja em alguém. Não, brincadeira, inveja é coisa feia. Melhor: cause admiração.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

- Não entendo por que as mulheres precisam se maquiar todos os dias - ele me diz, tentando mostrar seu ponto de vista.
- A maquiagem de uma mulher é, por exemplo, como os desenhos de um vaso. Que graça terá um vaso liso, sem detalhe algum para chamar a atenção? - sorri, orgulhosa com meu exemplo sensato.
- A flor será igualmente linda, não importando o adorno do vaso que a tenha.


Luana Natália
 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Frustrada com o que poderia ser mas não será.

Quando você imagina demais um momento, quando você planeja cada milésimo de segundo, quando você sabe exatamente como vai agir, quando você passa noites e noites ensaiando mentalmente para dar o melhor de si, quando... quando você descobre que nada disso acontecerá, seu mundo despenca. E despenca de tão alto que é impossível juntar os pedaços: só sobraram farelos.
É assim que me sinto. Meu sonho está tão esfarelado que eu lutei para tentar segurar as lágrimas - o que não deu para fazer. O jeito é esperar por uma segunda chance. Se a vida me der uma. E esse "se" acaba mais comigo, do que qualquer outra palavra, qualquer outra.
Por que a vida teima tanto comigo? Por quê? Eu pedi tanto, supliquei, humilhei-me. A única coisa que eu queria verdadeiramente me negaram. Como eu posso dizer que a vida é justa? Eu quero um travesseiro bem fofo, e muitas, muitas lágrimas para chorar até doer.

sábado, 17 de setembro de 2011

Não foi porque não era para ser.

Eu sei que o texto ficou bastante grande, e que eu deveria dividi-lo em partes, mas acho isso uma tortura! Sinceramente, eu odeio quando tenho que esperar pela parte seguinte de algo. Eu peço, por favor, que leiam, porque foi bem trabalhoso escrever tudo isso e, não há coisa pior para uma escritora (vamos todos fingir que eu sou uma) do que vê seu trabalho mais "trabalhoso" não ser reconhecido. Obrigada para você que leu. E menos preguiça para você que fechou a página. Hehe.

CASAMENTO SEMPRE FOI coisa séria para mim. Um sonho. Uma união de duas almas que compartilharão a alegria que o resto da vida trará. Não podia esconder aquilo da minha prima, minha amiga de infância. Ela não me perdoará, eu sei; mas sei também qual é a coisa certa a se fazer. Mesmo assim, não tenho coragem suficiente nem para olhá-la quando a marcha nupcial começa a tocar.
O vestido, como de praxe, era branco. Ele não tinha cauda, era simples e ao mesmo tempo elegante. Nas suas mãos estavam um buquê de rosas brancas e vermelhas, suas preferidas. À cada passo, mais perto do altar ela chegava. E à medida que ela chegava, mais eu me sentia culpada. Tantos bilhões de homens e justo ele? Isso é complô.
Ao entrelaçar seu braço no dela, nossos olhares se cruzam e eu logo desvio, corando. Minhas mãos estavam geladas e um peso enorme tomava conta de mim.
O padre os abençoa e a cerimônia começa.

ERA DIA 7 DE AGOSTO, lembro-me bem da data. Eu havia passado da conta e cambaleava pelas ruas.
- Vejo que a senhorita precisa de ajuda - falou um jovem com feições belas e voz suave.
- Eu não falo com estranhos - respondi com rispidez, cuspindo, gesticulando e enfatizando cada palavra, como é da natureza de um bêbado.
- Ora, ora - prosseguiu -, vejo que a mocinha é um pouco estressada. Mas, certamente, assim não chegará a lugar algum. Deixe-me acompanhá-la. Será um prazer.
Não pude deixar de notar a sua malícia ao pronunciar a última frase. Eu não conseguiria mesmo chegar em casa daquele jeito, e, também, já estava cansada da monotonia que virou minha vida. Morava com minha prima há alguns anos, desde a morte de meus pais. Ela ficara noiva de um sujeito que namorava e que, até agora, eu não conhecia. Minha prima, que era muito mais velha que eu, tinha arranjado alguém, e para mim, com 7 anos a menos, nada aparecia. Sentia uma abstinência intensa.

EXPLIQUEI-O ONDE MORAVA e, mesmo não estando sóbria, pude notar um certo espanto no seu rosto ao ouvir o endereço.
- O que foi? - balbuciei. - O bairro é pacato demais para você?
- É que agora ao passar por aquele loja de roupas, lembrei que minha mãe quer que eu busque uma encomenda para ela.
- Mas já é tão tarde!
- Eu sei, e sinto em fazer tamanha desfeita. Contudo, está aí o meu número - ele rabiscou e me entregou um pedaço de papel. - Ligue-me e marcamos algo. O motorista lhe conduzirá até a sua casa, não se preocupe. Tenha uma boa noite.
- Boa noite, também, então - surpreendentemente, peguei-me com um ar de decepção. Coloquei o papel tão rápido no bolso, que ele se desfez em um borrão. A dor de cabeça começara a chegar, seria uma longa noite.

NÃO LEMBRO EXATAMENTE a data da segunda vez que o vi, acho que foi aproximadamente uns 5 ou 6 dias depois daquele incidente. Ele estava igualmente lindo, bem do outro lado da calçada. Não havia me visto. Corri para o outro lado e fui atrás dele, num impulso.
- Sei que não esperava mais me ver - disse, gentilmente. - Mas, olá - ele me olhou assustado e eu logo emendei: - Queria me desculpar por aquela noite, eu não estava "normal", não quero que pense que sou aquele tipo de mu... - ele me interrompeu com uma cara estranha e logo gelei, só percebi naquele momento que nem seu nome eu sabia e que deveria parar de agir por impulso.
- Eu conheço você? - ele disse cada palavra devagar, como se eu tivesse algum problema mental.
- Cla... claro que sim - gaguejei. - Eu, bêbada. Você, querendo me ajudar. A encomenda da sua mãe. Seu telefone - vi que estava fazendo papel de idiota. - Olha, esquece. Eu nem deveria ter atravessado essa rua. Finja que vo... - seu semblante iluminou-se.
- Ah, você, aquela estressadinha! Claro! Como pude não lembrar de você? Por que não me telefonou?
- Porque eu não te conheço... - sugeri. - Nem seu nome eu sei.
- John, prazer. Então - ele pensou, - que tal fingirmos que nos conhecemos agora? Eu ia na casa de um amigo, mas ele entenderá minhas circunstâncias. Vamos tomar um sorvete.
Não pude resistir aquele convite. Meu coração batia tão rápido, que, talvez, achei que ele pudesse ouvir. Sentia-me uma adolescente. Nos meus 23 anos, eu não tive muita experiência. Umas paixonites aqui, outras ali, mas nada que realmente me interessasse por muito tempo.
- Não sei se estou fazendo a coisa certa, mas aceito, sim.

DEPOIS DAQUELE PASSEIO, encontramo-nos diversas vezes, eu começava a conhecê-lo melhor e acabava ficando cada vez mais apaixonada. Até que, em uma noite de inverno, fazendo não muito tempo que o conhecia, não aguentei mais e cedi. Tornei-me dele, e ele, meu. Duas almas num só corpo. Tudo parecia tão perfeito, que assustava. Até que a perfeição, de um dia para o outro, evaporou.


NUNCA ESQUECEREI AQUELE dia enquanto viver. Acordei e o lugar ao lado da cama estava vazio. Escutei-o falando ao banheiro. Levantei, meio tonta, e fui verificar do que se tratava. Encostei bem ao lado da porta e o escutei falar ao telefone.
- É claro amor, eu também te amo. Pode ficar tranquila. Prometo que assim que sair daqui do trabalho, passo aí, juro que não tinha esquecido do meu compromisso com você. Anotei até na agenda, "sábado pela manhã, cinema, junto com a Mary, meu amor." E também levarei seu presente de aniversá... - nesse momento ele percebeu que eu estava olhando e ficou incrédulo. Acabou a frase e logo despediu-se, terminando o telefonema.
Eu não me mexi, não arredei um pé dali até assimilar bem as coisas. Era muita coincidência: Mary, era o primeiro nome da minha prima; hoje era o seu aniversário, tanto que já tinha o seu presente; ela me falara ontem à noite para não atrasar, porque tinha marcado cinema com o noivo. Já estava tão acostumada com decepções amorosas que apenas disse um "Canalha!" quase inaudível e fui juntar minha coisas para sair logo dali. Respirar o mesmo ar que ele iria me asfixiar.
- Espera! - ele logo gritou - Eu posso explicar!
- É claro que você pode, mas eu não tenho tempo. Já entendi tudo. Você é como os outros.
- Mas - ele me segurou pelo braço, - eu amo você.
- É claro que ama! Você me ama, ama minha prima, você ama todas!
- Não é bem assim. Olhe pra mim, Catherine - ele segurou meu rosto e eu não pude deixar de notar que era a primeira vez em que pronunciava meu nome completo - eu juro para você, juro com todas as forças, que eu ia acabar tudo com a sua prima hoje, nesse cinema. Você deve conhecê-la bem, até melhor que eu, e entende como ela se magoa fácil e, bem, eu não quero machucar ninguém. Mas acho que já levei essa história longe demais.
- Você acha??? É óbvio que você foi longe demais. Por que não me contou? Eu... eu não posso acreditar que conseguia ficar comigo, enquanto estava noivo da minha própria prima. Você não tem coração ou o quê?
- Eu tentei contar para você! Mas, quando eu te olhava, eu desistia, simplesmente não conseguia. Achei que, quando acabasse com sua prima, tudo iria ficar bem e eu não precisaria te magoar.
- Como sempre, você achando demais. E você esconderia isso de mim para o resto da vida? Olha, essa conversa já está ficando muito longa. Tudo isso já foi longe demais. Tenho que lidar com os fatos, eu não tenho sorte no amor. Quando penso que encontrei a pessoa certa... Esqueça que um dia me conheceu, e que um dia trocamos qualquer palavra, que eu farei o mesmo.
Saí antes de me render e acreditar que o que ele dizia era realmente verdade; mesmo que fosse, eu não poderia ter a cara de pau de continuar com aquilo, de me conformar com a situação. Por mais desesperada que estivesse. Ao sair, percebi que estava um caco. Não só por fora, pela aperência matinal; mas também por dentro. Queria somente sentar e chorar, mas não o faria, não com toda aquela gente olhando. Corri para refugiar-me em casa, onde as quatro paredes isolavam-me do mundo.


JÁ PASSAVA DAS 2 HORAS da tarde quando a Mary chegou. Eu, sinceramente, não acreditei quando ela, feliz da vida, sentou-se ao meu lado e jogou "Cathy, você não acredita, vou me casar daqui a uma semana!" Tentei não aparentar extrema surpresa, apenas disse com todo entusiasmo forçado que consegui: "Que bom. Mas já?". " O John é o homem da minha vida", ela sentenciou e não sabe quanto chorei por isso à noite.
Como assim ela iria casar? Hoje mesmo pela manhã ele disse que me amava, que ia deixá-la. Como homens podem mudar seus sentimentos tão rápido assim? Ou pior, será que os sentimentos que ele dizia existir, realmente existiam? Minha cabeça não parava de martelar perguntas sobre isso. Peguei o telefone centenas de vezes para falar com o John e interrogá-lo, centenas. Das duas, uma: ou realmente o que ele disse hoje pela manhã era verdade, e ele resolveu desistir de mim e ficar com a "segunda opção", ou seja, a Mary; ou tudo que ele disse era mentira, e eu apenas estou perdendo meu tempo pensando nele o tempo inteiro. Uma dessas alternativas têm de ser verdadeira, porque a opção mais sensata (ficar com nenhuma de nós), ele não fez.


OS DIAS PASSAVAM e o casamento se aproximava. Eu não sabia o que fazer. Aquilo estava me consumindo. Além de ser injusta com a Mary, por não contar a verdade para quem me deu abrigo, estava sendo injusta comigo, que não aguentaria ver os dois casados e, possivelmente, aqui, na "minha" casa, porque a Mary já havia me dito "homem nenhum, Cathy, vai lhe tirar daqui de dentro". Ou será que ela me deixaria morando aqui, sozinha? Uma coisa era certa: algo devia ser feito. Contanto, como é da minha natureza, eu não fiz nada. E o dia do casamento chegou, como todos os outros dias chegam. E aí vocês já conhecem meu dilema: interromper a cerimônia, contar toda a verdade que a Mary deve saber e tirar esse peso de mim de uma vez por todas, ou deixar pelo menos uma pessoa sair feliz nessa história?
A hora dos votos começava a chegar, eu PRECISAVA me mexer, pelo menos uma vez na vida. Como era madrinha, estava no altar. De lá, vi pessoas começando a chorar. Olhei para o noivo. Um impulso me tomou:
- Espere, seu padre! - gritei e todos, em uníssono, olharam para mim. - Antes dessa cerimônia continuar, eu preciso expor uns fatos, e a noiva decidirá se, mesmo sabendo de tudo, ela continuará querendo casar ou não.
- Cathy, o que é isso? - ela me perguntou, espantada.
- Mary, você me deu abrigo e lhe agradeço por isso, mas não conseguiria morar no mesmo teto que você carregando esse peso. Eu vou ser direta e breve: eu conheci o John há uns dias atrás. Naquele dia que eu cheguei bêbada em casa, e que você me repreendeu por isso, ele havia me encontrado tombando na rua e quis me levar para casa, mas quando dei meu endereço, e ele viu que era o mesmo que o seu, ele desconversou e inventou qualquer desculpa. Uns dias depois, eu o encontrei na rua e resolvi me desculpar, e acabamos tomando sorvete juntos e nos encontramos diversas outras vezes. Mas, eu juro para você, eu não sabia que era o mesmo John. Até que há uma semana atrás, no dia do seu aniversário, escutei uma conversa dele com você ao telefone e descobri tudo. Depois disso, eu não o vi mais até o dia de hoje. E isso é tudo. Só falei para tirar esse peso da minha consciência e ser honesta com você, que me é tão especial.
Quando acabei de falar, percebi que todos estavam incrédulos e um silêncio tenso havia tomado conta da igreja. No momento em que falava, esqueci da presença de todos. Olhei para ele, e sua aparência era indecifrável. Pareceu não se abalar com nada do que eu disse.
- Cathy, eu já sabia. - ela me disse, calmamente, quase gargalhando da minha cara.
- Como assim você já sabia? - indaguei.
- O John já me contou.
- E como você pode casar com ele sabendo que ele te traía comigo?
- Eu o perdoou.
- Mas, mas...
- "Mas" o quê? Você acha que eu sou idiota, Catherine? Eu não sou como você, ingênua e pura, com tamanha idade, achando que um príncipe mais puro ainda chegará e te fará a primeira mulher da vida dele, e vocês ficarão juntos até a eternidade. Eu não sou a primeira mulher do John, e o fato de você ter ficado com ele, somente por ser minha prima, não muda nada. Agora, seu padre, pode continuar, por favor.
Não consegui segurar as lágrimas que teimavam em cair. Ele virou a cara quando quis encará-lo, concordando com tudo que a Mary disse. Sentia-me a mais completa das idiotas. Tantas disputas internas para contar algo que eu achava crucial e ela já sabia de tudo, e mais, achava completamente banal.


NUNCA MAIS OS VI. Quando o casamento acabou, fui para casa e arrumei tudo que era meu, o que não era muita coisa. Tinha um dinheiro guardado, já que não gastava muito comigo e sempre sobrava do meu salário. Aluguei uma casa não muito longe dali. Achei que meu final ia ser triste. Entretanto, não demorei muito para encontrar a pessoa certa, finalmente, para mim. Mudamos de cidade e, até hoje, não poderia ser mais feliz do que sou. Tenho 3 filhos lindos e a mais velha casa hoje, por isso lembrei disso.
A vida é uma dádiva preciosa e surpreendente. Sempre acontecerá o que deveria acontecer, não o que achamos/queremos que aconteça.