Mas, agora recentemente, me deu uma de querer os porquês, os comos e os aondes de tudo. E a vida que parecia tão simples de ser vivida tornou-se um emaranhado de teias interligadas difícil de se entender. Enquanto vejo minha vida social se extinguindo por n motivos, como o fato de algumas das minhas amigas terem mudado de escola e a comunicação ter ficado meio difícil e fria, eu converso cada vez mais comigo mesma e não sei se isso é bom ou não. Claro que é muito melhor conversar com alguém do que com você mentalmente, então eu tento mudar essa situação. Afinal, não deve ser tão difícil se enturmar. É só sair por ai sendo quem você é... eu acho.
Na pré-adolescência, para uma garota que sofreu muito bullying na infância, eu até que fazia amigos facilmente. A minha classe tinha muito mais novato que veterano, ou seja, não existiam "grupinhos" formados, estava todo mundo à procura de amigos e, talvez com medo de serem deixadas de lado, as pessoas aceitavam conversar com qualquer outra de bom grado. Foi daí que eu fiz as amigas que eu tenho até hoje e que eu espero ter pro resto da vida.
Só que agora tudo parece mais complicado. Não é só sair por aí sendo quem você é, é muito mais que isso. As relações estão tão banalizadas e estranhas que o que eu chamo de conhecido é, provavelmente, melhor amigo de outra pessoa que tem com o ser o mesmo nível de proximidade que eu. Assim é complicado. Então eu notei que fazer amizades, amizade sem aspas, é dificílimo porque as pessoas não estão mais interessadas nisso.
A questão aqui é: a cada ano que se passa, sinto que a minha vida vai se tornando mais lenta e monótona, como se já fosse regra. E eu juro que não tenho nada a ver com isso. Até onde eu sei, tenho os mesmos hábitos de sempre, as mesmas tentativas falhas de conversa, a preocupação em passar de ano e o blá blá blá que sempre foi meu. Mas hoje em dia, eu vou preferir conservar meu sono bem longe d'água fria às manhãs.
Não estou reclamando nem nada, porque a mudança ocorreu de maneira tão gradual que nem percebi. Percebo só de vez em quando, como em dias como hoje, quando eu notei o quanto eu senti falta de uma amiga que eu não via há uns bons cinco meses e fiquei lembrando das coisas que nós passamos juntas. Alegrias que provavelmente mal se repetirão, porque tomamos rumos diferentes de vida, que só vão se cruzar assim, vez ou outra, de ano em ano. E é por causa de perdas desse tipo que foram me ocorrendo ao longo da vida que o céu nem parece mais que tem um azul tão bonito. Estou presenciando amizades que demoraram tanto tempo para se consolidar serem demolidas pelo sopro do vento e a angústia da distância rapidamente, e o que mais dói é saber que o buraco nunca vai ser preenchido.
foi o que eu sempre pensei... |