terça-feira, 9 de julho de 2013

Eu "aproveito"

Eu tenho um trabalho maldito em falar sobre sentimentos. Escrever sobre momentos flui perfeitamente bem, mas quando a coisa deixa de ser concreta e passa a ser um monte de sensações que se misturam dentro do peito e que precisam ser decifradas para que as coisas realmente deem certo, eu penso: estou perdida. Porque eu não entendo o que se passa comigo. Eu analiso psicologicamente as pessoas todos os dias. Perguntas como "o que ele pensou ao dizer isso?", "qual o sentido daquela ação?", "eu entendi certo?" são feitas e meio que respondidas de um jeito torto por mim a toda hora. Mas quando a coisa deixa de ser alheia e passa a ser minha, eu não sei o que fazer. Por que eu disse aquilo? Por que cargas d'água eu não fiz o que vinha planejado fazer há dias? Eu não sei. Mesmo que eu olhe bem no fundo da minha alma, eu não sei por que fiz tudo errado.
E não dá pra fazer de novo. Veja bem, eu só tenho uma única vida e tenho o maior medo de ferrar com ela. Tenho um medo terrível de perceber como eu desperdicei todos os meus momentos aqui na Terra, ou mesmo que desperdicei minha adolescência correndo atrás de livros pra ver se tenho a mínima chance de passar no primeiro vestibular de Medicina que eu fizer e, ao entrar nele, perceber que nem era o que eu queria. Mas o que eu posso fazer além de arriscar todas as minhas chances nisso e fazer figa com os dedos bem apertados para que a vida seja boa comigo e tudo dê certo? 
Às vezes vêm pessoas me dizendo para "aproveitar a vida". Entendam, pessoas, eu não tenho vivência alguma, então não tenho a mais remota ideia do que seja "aproveitar". Aproveitar seria sair sem rumo por aí à espera de momentos que poderiam render um bom filme? Seria deitar de barriga para cima na grama verde e fofinha enquanto se observa estrelas? Seria sair se vangloriando por ter pego um monte enquanto colônias de bactérias se instalam na sua boca? Quando me dizem para sair da minha casa e aproveitar minha curta existência, eu rio para mim mesma e penso: estou tentando, será que você não vê? Acontece que esse verbo tem concepções diferentes para cada um de nós. É claro que a minha concepção pode estar errada e a sua, certa. Por isso eu tenho medo.
Eu tento aproveitar a única vida que tenho, mas eu não sei se estou fazendo isso do jeito correto. Eu tento não pensar muito sobre o que farei se no futuro perceber que todos os meus sonhos não se realizaram. Eu assisto a comédias românticas para ver se o fluxo descontrolado de pensamentos da minha mente se acalma um pouco, mas só o que penso é que eu nunca terei um amor feito o de filmes para chamar de meu. E aí sinto como se todos os meus dezesseis anos tivessem sido horríveis, e fico pensando que tudo seria diferente se eu tivesse dito isso e não aquilo. Se tivesse feito assim e não assado. Se tivesse usado a concepção de "aproveitar" dos outros e não a minha. 
E é nesse pé em que eu estou nesse dia nove. Tentando trazer alguma lógica à minha vida, e um pouquinho de consolação também, enquanto "aproveito" minhas férias na presença de um bom e insistente resfriado.

Fuck My Life
E não, isso não é bom...

2 comentários:

  1. Luaninha, não sei se isso vai te confortar, mas eu passo por isso constantemente, sabe? E olha que mês que vem completo 20 anos.

    Quando eu estudava no colégio, minha vida era das mais leves possíveis (com exceção das recuperações em matemática!) e eu só queria saber de brincar, rir, tagarelar, já que não fazia a mínima ideia do que queria fazer no futuro. A escolha do meu curso foi uma coisa que posso chamar de complicada porque minha mãe acabou influenciando nela, dizendo coisas como "o mercado de trabalho é difícil" e "escolha uma profissão que te dê o padrão de vida que você tem hoje ou melhor". Eu, reles mortal, abandonei então as ideias que eu tinha de fazer "Publicidade e propaganda, Jornalismo, Cinema ou Biologia" por causa disso e não sei se foi de todo ruim.

    Hoje eu curso Engenharia de Materiais (lembra que eu disse que fiquei em inúmeras recuperações em matemática? hahah) e posso dizer que gosto do que estou estudando. Mas só agora. Depois de 2 anos e meio de faculdade. Então é o tempo quem diz as coisas.

    Hoje eu não curto mais como antes (curtir no sentido de ir nos festivais de rock, sair bastante com os amigos e afins) porque a vida vai ficando difícil e o meu curso exige MUITO de mim e da minha paciência e do meu tempo. São escolhas, como você disse.
    Só acho que você não deve ter tanto medo das suas ações, sabe? Se você for consciente do que está fazendo, acho que tá tudo bem.
    Eu apoio você sair mais com seus amigos, ir pra balada (se você gosta, não é meu caso) uma vezinha ou outra, só pra relaxar, descontrair e ser feliz em meio à loucura do vestibular.

    Estarei torcendo pra que você atinja seus objetivos, flor!
    Beijo :))

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  2. Acho que essa angustia é bem universal, e bastante humana. Eu tenho algumas decisões que tomei há anos atrás e que não as questiono muito, mas as vezes (como agora) quero saber se meu esforço um dia vai valer a pena, ou vai ter sido tempo jogado no lixo.
    E também tenho esses questionamentos sobre o que seria curtir a vida - sinceramente, dependendo do dia, para mim pode ser ficar no computador vendo a vida passar no Facebook, assistir um seriado ou até mesmo ir para uma festa... Sei lá, é bastante relativo.

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