quinta-feira, 14 de junho de 2012

Das coisas incompreensíveis


Enquanto ele andava ao meu lado, tentei encontrar algo ali, em mim. Qualquer pista, qualquer sinal, de qualquer coisa que fosse. Quem sabe um frio mínimo na barriga, alguma ardência nas bochechas, ou talvez uma gotícula de suor frio nas mãos? Mas nada. Eu não sentia nada, por mais que quisesse (eu queria?). Fui até o âmago do meu ser, entretanto nada além de um imenso e insondável vácuo. E era como se eu não mandasse em mim mesma (talvez não mande mesmo), como se eu não fosse eu, não fosse minha. Se eu posso correr, pular, pegar um livro numa prateleira alta, por que diabos não posso enfiar amor no meu coração? Por que eu só quero quem não me quer, quem não está dando a mínima para mim? Por que eu não posso retirar esse amor e pôr outro – duradouro e recíproco – no lugar? Afinal, quem está no meu controle? Que espécie de “máquina” doentia eu sou que prefere magoar-se todos os dias a querer alguém que me quer? Seria tão bom se fôssemos capazes de seguir somente nossa razão. As nossas emoções só nos fazem afundar, afundar e afundar cada vez mais em nós mesmos e em nossas ilusões. Cansei delas, sério.


Ele continuava ali, ao meu lado, caminhando. Chegamos ao nosso destino e nada, nada de eu conseguir encontrar uma faísca sequer de amor no meu peito.

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