sábado, 28 de setembro de 2013

Finitude

Às vezes eu me sinto muito triste ao lembrar que os meus dias de vida são finitos. Eu poderia ter aproveitado de uma maneira muito melhor o tempo que eu já tive, mas ele já foi e não tem volta ou segunda chance. Se hoje fosse meu último dia, o que eu teria para o mundo? Bem, seu mundo: eu pretendia ter plantado uma árvore ou escrito um livro, mas como nada disso foi possível, eu só espero que o meu tempo empregado aconselhando os que estavam ao meu redor tenha sido útil e que eles plantem árvores e escrevam livros e povoem essa Terra por mim, já que eu acho que o lixo que eu guardei na bolsa para não poluir a rua foi tão ínfimo que na verdade não contribuiu com nada, não.

Um caminho. Só seguimos um caminho nas nossas vidas. Dentre infinitas outras coisas que eu poderia estar fazendo para ocupar meu tempo nesse sábado, eu escolhi escrever. E essas escolhas é que são capciosas, nunca poderemos saber se escolhemos o certo ou o errado pro futuro.

Eu não sei o que fazer da minha única vida e tenho medo de acabar não fazendo nada. Eu queria saber como é ser cosmóloga, porque o Universo me intriga e, com sorte, eu poderia desvendá-lo. Mas eu também queria ser filósofa, só para um dia entender e falar com propriedade sobre as ideias de quem entendia o mundo com olhos diferentes dos meus. Eu queria morar na França, em Londres, passar férias na Austrália e o Natal na Finlândia. Queria ter coragem de tatuar versos do Neruda ou saltar de paraquedas. Queria experimentar dias como bióloga, e depois como arqueóloga, ser atriz de teatro e quem sabe trabalhar numa livraria? Queria ser babá, jornalista, aprender a jogar qualquer tipo de coisa que envolva uma bola e dar palestras sem gaguejar. 

Só uma coisa me impede de fazer tudo isso e mais: o tempo. Porque, por mais que eu planeje cada segundo do meu tempo, não vai dá para fazer tudo que eu queria fazer. Por mais que eu viva lendo sobre experiências alheias, a sensação de viver aquilo eu nunca terei. Tenho que me contentar com as minhas escolhas e viver feliz com elas, acariciando o pensamento de que fiz o melhor. Porque, mesmo que você tenha vivido tudo que esteve ao seu alcance, você não viveu tudo que pôde. A morte sempre vai chegar e deixar em aberto algum dos seus planos.

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