sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como é viver no mundo contemporâneo

Na quinta-feira da semana passada faltou energia. Era véspera de feriado, a lua estava linda e eu poderia estar feliz por só faltar um pouco mais de uma semana para as férias, mas a única coisa que eu pensava era no tanto de tédio que eu estava sentindo. Deixo aqui registrado o fato de que eu odeio apagões, por motivos simples: tenho medo de que as velas incendeiem minha casa, as baterias do celular e do notebook logo descarregam, não gosto de ficar olhando para o teto. Então eu finalmente (!) me dei conta do quanto sou dependente dessas tecnologias inventadas pelo homem. Se, por algum motivo, todas elas deixassem de existir, não sei se a nossa espécie conseguiria se adaptar novamente à vida sem elas. Eu, por exemplo, seria consumida pelo tédio.

Há cem anos, estar escrevendo num blog, como eu estou fazendo agora, para qualquer pessoa do mundo ler, devia ser o nível mais alto de bruxaria. Hoje, os bebês ainda na barriga da mãe já ganham um perfil no Facebook. Eu acho assustador. Assustador porque não tenho ideia de onde isso vai parar. Temo que nós estejamos nos fechando numa bolhinha que vai tendo cada vez paredes mais grossas. Fico pensando se, um dia, o contato humano será coisa secundária, que aconteça vez ou outra num ano. Quem poderá dizer onde estaremos daqui a cem anos? Cientistas acreditam que casar com robôs, no futuro, seja coisa viável.

Minha mãe me conta histórias da infância dela e todas são tão legais. Ela e os irmãos roubavam as frutas da plantação para fazer bichos, cozinhavam em panelas de barro as sobras do almoço de verdade, conversavam à luz da lua, tomavam banho em riachos e faziam tudo que se possa imaginar que crianças façam com criatividade e companhia. Já eu, eu não tenho tantas coisas bacanas assim para contar e vejo que as crianças de hoje terão menos ainda. Não se pode mais brincar na rua com medo de se levar uma bala perdida qualquer, então o mundo das nossas crianças fica restrito a quatro paredes, a jogos eletrônicos que são, na sua maioria, nada educativos.

Estava eu pensando sobre tudo isso, olhando para o teto, quando a energia voltou e gritos ecoaram por toda rua numa felicidade só. Também não achei ruim. Acho que vivemos de uma forma tão incrivelmente diferente da dos nossos antepassados que não dá para voltar atrás, agora é só seguir adiante. Embora seguir adiante possa não ser a melhor escolha.

Um comentário:

  1. Esse é um assunto que ocupa minha mente grande parte do tempo. Não gosto da visão apocalíptica de que vamos casar com robôs, nem da nostalgia de achar que tudo antigamente era muito melhor. Era diferente, fato. Mas também me incomoda muito a direção que as coisas estão tomando. A necessidade que sinto de ficar online e que percebo na grande maioria dos meus amigos não é nada saudável. Com certeza isso vai afetando a forma como todos nós interagimos e também não tenho certeza se de uma forma positiva.
    Mas pelo menos podemos trocar ideias como agora. :)

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