sábado, 18 de janeiro de 2014

Como eu mudei

Ou: como eu não vejo graça na queda alheia

Hoje, com 17 anos, se me perguntarem como é ter essa idade, vou responder que é como ter 16, e ter 16 é como ter 15, que é como ter 14, que é igual a ter 13... Só que quando eu me lembro de quando tinha 13, vejo que muita coisa mudou nesses quatro anos e não sei explicar o paradoxo da mudança que não é mudança. Entre as coisas que mudaram na minha vida no decorrer desses anos, está o fato de eu não mais assistir à televisão. Às vezes eu vejo umas partes do Fantástico, ou acompanho o Jornal Nacional, mas é só. A programação televisiva brasileira (pelo menos a da TV aberta) me dá náuseas e me faz desacreditar na possibilidade de um futuro melhor, porque, afinal, as nossas crianças estão assistindo programas como, por exemplo, o Domingão do Faustão. E é especificamente sobre este último que eu quero falar. 

Eu sinceramente não sei como um programa se sustenta no ar por tanto tempo. A única coisa que pode explicar isso é o fato de que há, realmente, pessoas que sentam sua bunda num sofá, nos domingos à tarde, para assistir ao Faustão. Não tenho absolutamente nada contra o Faustão (apesar de achar um saco os seus bordões que deixaram de ser engraçados faz muito tempo e o seu uso exaustivo do adjetivo "glorioso(a)" para se referir a qualquer um), ele faz apenas o seu trabalho. Acontece que, ao meu ver, esse trabalho de "entreter" o público brasileiro está todo errado. Do começo ao fim.

Notei isso quando, esperando começar o Fantástico para assistir a uma reportagem realmente interessante, tive o desprazer de acompanhar os último dez minutos do Faustão. Estava passando as famosas videocassetadas, com gente caindo e se machucando feio, enquanto todos riam e aplaudiam, principalmente as garotas do balé. Essas últimas, então, riem abobadamente de tudo, como se não tivessem cérebro. Ficam apenas lá, paradas, sorrindo, como se fossem parte da decoração do cenário. Eu me recuso a entender esse tipo de humor. Eu sei que os vídeos que eles mostram foram provavelmente concedidos pelas próprias pessoas que filmaram (eu acho), que eles têm permissão para pôr em rede nacional o tombo dos outros, porém eu acho essa maneira de entretenimento a pior já inventada. Me faz lembrar do coliseu e da política do pão e circo... acho que, nesse aspecto, nem tanta coisa assim mudou. E continua a cena: pessoas caindo e se machucando de verdade, quebrando possíveis pernas, braços ou dentes, e as garotas do balé gargalhando, aplaudindo, como se fosse a coisa mais engraçada que já viram, e a plateia acompanhando, todos incentivados pelo Faustão com seus comentários nada gentis sobre o peso e a idade de quem protagoniza a "piada", espalhando esteriótipos para os rincões do Brasil. E olha que eu não vou nem me referir ao fato de não existir homem no balé de programas de auditório como esse, porque essa já é outra (e longa) discussão.

Percebi, então, que a Luana de 17 pode ser parecida com a de 16, mas é bem, bem, bem diferente da de 13, porque a de 13 assistia ao Faustão.

7 comentários:

  1. Sobre o paradoxo que você abordou logo no começo do texto, meu deus, como eu concordo! Às vezes fico pensando exatamente nisso, em como é possível que eu não sinta a mudança com o passar dos anos, mas saiba que a Amanda de 16 está longe de ser a Amanda de 13.
    Admiro (de verdade) a sua capacidade de conseguir não ver televisão. Eu fico tentada à fazer o mesmo, principalmente porque eu tenho uma tv à cabo que, apesar da quantidade relativamente grande de canais úteis, também estimula a alienação. O grande problema é conseguir largar Friends e os filmes que alguns canais reprisam sempre e estão na minha listinha de favoritos (nada que um DVD não resolva, claro), hahahahaha.
    Enfim, eu adorei o post e concordo com você em todos os pontos, exceto quando você fala sobre as bailarinas do Faustão. Na minha opinião, elas são, sim, Barbies e "objetos de decoração", mas parte disso é culpa do emprego. Não acho que todas sejam burras ou que todas achem graça em cada comentário nojento e preconceituoso que sai da boca do único aprensentador depois da Xuxa que já deveria estar aposentado, mas se elas recebem para rir e passar a imagem de que amam ficar paradas ali, bom, quem somos nós para julgá-las? Errado é o esteriotipo que os produtores querem nos dar e, felizmente, diferente da Amanda ou da Luana de 13, a Amanda de 16 já não mais dá audiência àquele circo.
    Beijos!

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  2. Gente :o
    Olha, eu também não concordo com metade do que a Globo transmite, acho ridículo na realidade. Principalmente o Faustão, eu quase não assisto TV e quando assisto, procuro assistir TV FECHADA, porque é bem mais aceitável do que a TV aberta. Isso de mulheres rindo feito idiotas por coisas que nem mesmo tem graça me deixa meio indignada, porque é como se fossemos objetos, nós mulheres, sem cérebro, que estão lá apenas para mostrar o corpo. Ah, é uma coisa que não muda, sabe? Isso sempre vai ser assim até que todos paremos de assistir e sermos influenciados pela Globo.
    http://www.diarioruivo.com/

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  3. Pensando na forma como falou das idades, eu com 17 anos também, sou a de 16, mas sem duvidas não sou a de 13. Os programas de TV brasileiros lançam muitos esteriótipos na sociedade, eu já tenho uma certa birra da globo, costumo dizer que ela é controladora de mentes, uma vez que quando você assiste (principalmente novelas) se prende e não consegue mais sair, ficando o que eu costumo chamar de "sem cérebro". Ao exemplo de faustão, pois é, sou mais uma que não suporta (o máximo que vejo (e se chegar a uma vez por mês é muito) são as danças, porque gosto de dançar, mas assim que começam os comentários, é zapear por qualquer outro canal, afinal não tenho paciência para o que sai da boca do faustão ou para qualquer convidado dele (que ele insiste em interromper a cada 5min). A TV brasileiro já foi melhor, ou talvez não. Acho que as pessoas deveriam exercitar a mente ou fazer qualquer coisa produtiva (ou assistir TV escola, discovery ou Nat Geo) do que passar horas em frente a uma TV.
    Eu com 17 anos, falo também que não assisto TV, até porque não tenho tempo, e quando assisto é um filme de meu interesse (ou os três canais acima citados). A TV destrói a mente humana.

    E futuramente vou publicar seu texto em meu blog, com os créditos claro. Adorei a forma da escrita e sobre o que escreveu.

    Beijos e ótima semana.
    http://mylife-rapha.blogspot.com

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  4. A programação brasileira atualmente está realmente desgastada com tantos programas sem um valor verdadeiro, que não nos acrescenta em nada. Também não assisto mais tanta TV como antes, principalmente por estudar o dia inteiro, mas também por que não há muitas coisas me interessam nela.rs

    Beijos ><
    http://mon-autre.blogspot.com.br/

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  5. Verdade,Lua! A Jéssica de 23 não diferente da de 22. Mas bem diferente da de 18. rs
    Acho que só percebemos com um lapso temporal maior, pq as mudanças são feitas aos pouquinhos. rs
    Mas percebo que são sempre p/ melhor! Ta vendo vc? rs
    Adorei conhecer teu blog! Já tô seguiindo!
    Beijô!

    minhassingularidades.blogspot.com.br

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  6. Com o tempo nosso gosto tende à melhorar (normalmente, pelo menos),
    A Gabi de 18 é igual a de 17, mas também é bem diferente da de 14, ou 15.
    Nunca li nada tão bom sobre a televisão Brasileira, especificamente as videocassetadas.
    "porém eu acho essa maneira de entretenimento a pior já inventada, me faz lembrar do coliseu" foi a melhor comparação dos últimos tempos, isso só demonstra o quanto a grande maioria dos cidadãos não evoluirão tão intelectualmente quanto acreditam.

    http://www.novaperspectiva.com/

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  7. Interessante sua colocação, Luana!
    Com o passar dos anos a exigência vai aumentando. Há tempos não assisto Faustão, então não tenho muita propriedade para comentar muito sobre ele. Mas, sobre as videocassetadas, achei ótima a comparação com a política do Pão e Circo. Distrações selvagens que desviam a atenção social para a desgraça alheia. E isso não é nada legal!
    Percebi que mudei muio também. Não me sinto a mesma pessoa e, com certeza, minha exigência sobre o uso do tempo aumentou muuuuito! haha
    Beijão! :*

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