sábado, 22 de novembro de 2014

Maioridade

Há pouco mais de uma semana, eu fiz meu companheiro de sete anos em pedacinhos, sem motivação prévia - talvez procrastinar o estudo para prova do outro dia não seja uma boa razão para se colocar em pauta. Mas esse meu querido, esse meu diário - que guardava páginas e páginas de choros e revelações infantis e surpresas e que me fazia sorrir de nostalgia ao perceber que, enquanto as folhas iam-se rareando, minha personalidade, meu agir e meu pensar modificavam-se completamente - não manifestou resistência. A ação não durou muito tempo, meu picotar foi pragmático e, cinco minutos depois, tudo já estava no lixo. Só percebi depois: tratava-se de uma passagem. Completei dezoito anos e decidi que muita coisa vai mudar a partir de agora: começando pelo mimimi que enchia aquelas folhas. Isso porque eu me olho no espero e juro de pé junto: não me vejo como adulta. E é essencial aceitar que essa fase da vida chegou, e já que é assim, vamos lidar com ela.

E mais: para avisar que realmente as coisas na minha vida estão mudando e que agora eu tenho responsabilidades a mais, o destino se encarregou de colocar o meu aniversário e o último dia de aula pra ocorrerem na mesma data. Não poderia ser mais dramático. Prestei atenção a todos os detalhes daquela rua que percorri tantas e tantas vezes pensando quando eu passaria por lá novamente, porque essa sou eu: sei fazer de um acontecimento comum o fim do mundo. Prazer.

Agora, estou tentando me acostumar ao novo. Sou adulta e não voltarei pra escola (sim, porque o cursinho ano que vem não é escola, ninguém me convence a respeito). Não deixo de pensar: esse é o momento em que eu começo a me tornar a mulher que serei um dia. Que o Universo seja caridoso e conspire ao meu favor.

(Allons-y!)

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