sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Sejamos bonitos

São vários os motivos pelos quais, hoje, eu me recuso a apontar o dedo e julgar uma pessoa bonita ou feia sem conhecê-la bem. Pode parecer coisa de gente chata (talvez seja, enfim...), mas eu levo muito mais pontos em consideração do que os que são possíveis de se notar apenas olhando para o físico de alguém. Na verdade, aparências não me dizem porcaria alguma. E mais: não entendo as convenções do feio, porque pela lógica os elementos peso/altura/cor/cabelo são apenas características secundárias e pouco importantes quando comparadas com palavras, maneiras e ações. Não sei desde quando o ser magro-alto-com-cabelo-e-olhos-claros se tornou o almejado e todo o resto, indesejável; o que sei é que vivo numa luta interna para combater esses princípios incutidos em mim pela sociedade e busco levar outras pessoas comigo nessa longa e difícil aceitação.

Por isso, não me pergunte se eu conheço alguém feio, porque a resposta será não. Todas as pessoas de que gosto são bonitas, mas não gosto delas por serem bonitas, elas se tornam bonitas aos meus olhos por eu gostar delas. Baseando-se nisso, chega-se à conclusão de que não há ninguém feio nesse mundo, simplesmente porque o feio não existe. O feio é invenção. Existem, sim, pessoas moralmente horríveis, com atitudes pouco encantadoras, mas até elas já foram ou são bonitas para alguém, nem que seja para elas mesmas. Então, quem sou eu para dizer que a moça da TV é feia porque está acima do peso? 

O feio só está dentro de nós. No dia em que nos propusermos a abraçar o mundo com todas as forças, esquecendo todas as diferenças entre nós e o outro, veremos que todos somos pessoas lindas. Mas só seremos assim se nós nos fizermos lindas. Só se acordarmos todos os dias e pararmos de nos maldizer diante o espelho. Respirando fundo e entendendo que temos as opções "a) passar a vida nos odiando por ser assim e não assado" "b) aprender a conviver com o que se é, porque não dá para ser outra coisa" e escolhendo a "b" como alternativa de vida, olharemos ao espelho e perceberemos que o reflexo mudou. Não é um processo fácil, porque parece que nesse mundo nos ensinam de tudo, menos a nos gostar, mas esse é aquele tipo de coisa tão importante que é necessário que se morra tentando, se for o caso. 

Então, no meu tempo limitado de vida, me comprometo a fazer de mim alguém bonita, especialmente para mim mesma. Sim, gosto do que me tornei depois de crescida, era meio que exatamente o que eu desejava. Gosto do jeito que consigo captar as coisas facilmente no ar, o dito e o não-dito, às vezes até pensamento. Gosto de ser interessada por ciência e ser curiosa ao extremo. Gosto de gostar de livros. Gosto do meu raciocínio rápido, da minha mania de fazer as coisas do jeito correto e da minha infantilidade. E antes que venham me acusar da minha falta de modéstia, alerto: isso é só amor-próprio. Mas é que ter amor-próprio é tão raro nos dias atuais que qualquer sentença que dê a entender que eu gosto de mim beira o convencimento. Além de tudo, logicamente existem infinitas coisas que desgosto, como a minha falta de tato com as pessoas e meu pessimismo exacerbado. O desafio está justamente em conviver com tais coisas, aprender a gostar delas também como parte integrante do meu eu. 

Já posso sentir o gostinho do dia em que serei totalmente independente de opiniões alheias, o dia em que não levarei em conta coisas más dirigidas a mim, porque eu não precisarei do julgamento de ninguém. Não precisarei de ninguém para me elogiar e me dizer o que já sei: sou linda. Não no sentido literal dado à palavra atualmente, mas num aspecto mais amplo, geral, relevante: sou linda por explorar todas as minhas potencialidades, por me mostrar como sou, por não querer me mudar e ser feliz assim, por dar a cara à tapa, por lutar pelo que eu acho certo, por olhar no espelho e não enxergar um monte de defeitos, mas sim ver alguém especial e que faz diferença no mundo. Esse dia chegará. Basta cruzar os dedos, torcendo para que não demore muito, e fazer algo bem simples: se gostar. Hoje. Amanhã. Sempre.
 
 ♡

2 comentários:

  1. Sou total a favor disso, Luana! É aquela velha máxima: ninguém fica com ninguém por muito tempo por ela ser fisicamente bonita.
    Não tem quem aguente, aliás, estar do lado de alguém que é chato ou podre por dentro. Fala sério, né?

    Esse seu texto é uma coisa querida que devia ser disseminado por esse blogger a fora. Sejamos bonitos!

    Beijos :)

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  2. Achei sua discussão bem pertinente, Luana, e acho que por tudo o que você disse, esse objetivo que você tanto almeja tá bem pais próximo do que você imagina. =)

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