sábado, 7 de dezembro de 2013

É tudo invenção?

Eu li, recentemente, uma reportagem sobre uma especulação de um renomado cientista chamado Robert Lanza. Ele dizia, simplesmente, como quem explica ao filho de dez anos de onde vêm os bebês, que a morte é uma invenção da mente humana. Invenção que algum homem das cavernas criou e que, por algum motivo, como dizem os adolescentes, "pegou".

E eu não sei se fico grata ou chateada com esse sujeito. A ideia de morte me é aterrorizante, já falei sobre isso por aqui (só a título de explicação: sou agnóstica), PORÉM é como todos dizem: é a única certeza que temos na vida. Toda a nossa vida é pautada em cima disso. Vivemos em função da morte: pagamos caixão antecipadamente, vamos ao médico uma vez por mês, tentamos adiá-la o tanto que pudermos, mas ela sempre chega, fria e sorrateira. Então vem esse cientista afirmando que "esse evento não passa de uma ilusão criada por nossas mentes". E eu, feito Drummond, me pergunto: e agora?

 Sempre deixei minha mente aberta a todo tipo de ideia que possa ter fundamento. Como achei a hipótese dele interessante, ou ao menos plausível, processei os fatos por um tempo e acabei ficando mais confusa ainda. 

Suponhamos que a única certeza que nós tínhamos - a de morrer - agora caiu por terra. Foi invenção. Me contaram isso desde o dia em que nasci e eu acreditei. Mas é duvidoso. A morte pode não existir. Se essa certeza antes inabalável agora não é certa o que posso eu saber realmente? Nada. No momento em que a base, a mais sólida das coisas, balança, tudo despenca. Todo o trabalho de séculos feito pelo homem está estilhaçado. O homem, esse ser que inventou a lâmpada, o carro e o computador, é o mesmo homem que disse que o momento em que o coração para de bater e o cérebro de trabalhar é chamado "morte" e deve ser temido e todos acreditaram. Mas não! Não sei mais se a porta é porta, se o mundo é mundo, se eu sou eu. E se eu não posso mais saber se eu sou eu, Robert Lanza, autor de toda essa problemática que toma conta da minha cabeça, não tem como saber se é mesmo Robert Lanza. E, não sabendo, não pode dizer que a morte é produto das nossas mentes, porque, fazendo isso, ele também se torna um produto, se torna irreal. Ou seja, agora eu não sei de mais nada!

Essa sensação de ignorância perante o mundo é a mesma que senti ao ler Assim Falava Zaratustra. E detalhe: eu desisti. Quer dizer, dei um tempo. Isso se chama negação. É um mecanismo usado pelo nosso cérebro que nos impede de querer nos matar com perguntas que vão além do concebível pelo nosso limitado imaginário humano e é o que eu estou fazendo agora ao terminar esse texto sem uma resposta definitiva para o título. É o que me faz esquecer todo esse dilema envolvendo a morte e me preocupar com problemas com os quais eu posso lidar. Quem quiser quebrar a cabeça com especulações, à vontade. O mundo está cheio delas. Minha mente, agora, está ocupadíssima tentando se lembrar onde raios eu guardei o cabo do meu celular.
 

3 comentários:

  1. Gostei do assunto... Para min a morte é um ponto de vista. Para certas pessoas a mesma é o fim e para outras é o começo de uma nova vida. Mas me pergunto Luana, de onde nos viemos? Quem somos? E para onde nós vamos? . É difícil responder. Será que morte responde estas perguntas?

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. O fato de não saber o que acontece conosco depois da morte é o que mais me assusta. Um saco estarmos enfiados nesse mundo e não ter nenhum tipo de resposta.

    Beijos

    ResponderExcluir