domingo, 13 de janeiro de 2013

Como mãe, o que nunca fazer

A maioria dos meus primos, pelo menos a maioria de que sou muito próxima, é mais nova do que eu. Nessas férias, a gente tem se visto um bocado. Isso porque me amam, então me chamam para ir até na esquina. Tenho notado, especialmente nesses últimos dias, certas coisas que tenho feito e refletido. Quanto mais penso, mais me dou conta que tenho um longo caminho pela frente se quiser ser uma boa mãe. Faço muita besteira. Na grande parte do tempo esqueço de que sou mais velha e tenho que ser um bom exemplo, tenho que ficar de olho e sempre pensar duas, três vezes. 
Todos os itens listados abaixo foram coisas que eu fiz (infelizmente) com um primo específico quando estava comprometida a "tomar conta" dele. Não repita isso em casa.

1. Não ensine a passar trote
Sim, eu ensinei meu primo a passar trote. Na verdade, não ensinei literalmente, porque uma criança de 8 anos já sabe o que é isso - ou não. Acompanhe o desenrolar da história.
Estávamos no ponto de ônibus em pleno domingo à tarde e, ônibus que se preze, demora uma eternidade para passar nesse horário e nesse dia. Tinha um orelhão ao lado e eu incentivei: "ei, vamos passar um trote?". Ele olhou estranho e eu disse "diz um número qualquer". Eu digitei e disse que quando a pessoa atendesse ele peguntasse se a Joaquina está. Expliquei, cheia de mim, que trote só é uma coisa feia quando a gente diz coisas feias para a pessoa, perguntar por Joaquina não tem nada de mais. A pessoa atende e eu fico tipo "fala logo", só que ele põe o telefone no gancho e diz "o pai do meu amigo atendeu" e cai numa gargalhada gostosa. O pai do amigo ainda telefonou três vezes para o número que o havia ligado, o do orelhão. Na minha consciência, eu dizia, "Luana, você tem que atender e explicar o ocorrido, pessoas maduras fazem isso". Mas deixei ele ligando mesmo. Fui o caminho inteiro, no ônibus, explicando que trote a gente passa para um desconhecido. Quem poderia não saber disso? Nunca poderia imaginar que o número que ele me disse era um decorado e não aleatório. Depois ele disse que "tudo bem, faço isso no orelhão lá perto de casa". Foi aí que percebi que fiz besteira, tentei convencê-lo de que aquilo não é assim, a gente faz isso uma vez só na vida e ele já tinha tido a vez dele. Se ele não acreditou em mim, só espero que esqueça o ocorrido e não o comente com a sua mãe.

2. Não vá primeiro na escada rolante
Ele estava insistindo muito para ir de elevador, mas a escada estava bem na nossa frente. Então eu disse "é só pôr o pé, olha". Acontece que eu pus o pé e ele não, e começou a gritar "Luana, me ajuda, não vou sozinho". Não dava para descer e buscar ele na escada que sobe, então eu o mandei esperar que já ia descer. Quando eu estava na escada "que desce" ele vinha subindo com a ajuda de uma solidária mulher que deve ser mãe, por isso entende. Lá vou eu subindo novamente e tendo que escutar risos o caminho inteiro, "deixei você no vácuo, lálálálálálá". 

3. Não faça rede sociais 
A minha tia o fez excluir o Facebook porque ele estava conversando com pessoas, digamos que, não muito indicadas. A sua maior emoção era entrar no Facebook e ter gente no chat. Às vezes eu estava lá, ao lado dele, e ele me fazia entrar pelo celular só para ficar conversando comigo pelo computador. Me ligava às 8 da manhã para dizer "Luana, entra no Facebook". Então, quando veio gente estranha querendo conversar, ele aceitou numa boa.
Só que após Facebook excluído, eu, numa conversa, falei a ele do We Heart It. O site não é bem uma rede social e ele insistiu tanto, que acabei fazendo uma conta pra ele. Daí vem o menino olhando imagens de um programa que, juro, nunca vi na vida mais não me parece 100% adequado, South Park. Fiz ele apagar aquelas imagens, porque era feias, e desde então ele tem se contentado com Dragon Ball Z, ainda bem.
Mas, se eu pudesse voltar atrás, acharia melhor nem ter começado com aquilo. Ele nunca lembra o nome do site, por isso, quando quer entrar, sempre me liga e eu tenho que soletrar. Não importa a hora. Aí já viu.

4. Não mostre séries que dão medo
Ele é viciado em videogame. Quer porque quer um Xbox e, se qualquer um for perguntar qual seu filme favorito, provavelmente ele dirá Resident Evil. Então, tendo eu assistido pela primeira vez The Walking Dead, resolvi comentar por alto com ele e o garoto ficou doido da vida para saber mais e assistir também. Eu disse que passaria às 10:30 da noite e ele prometeu que ia assistir, mesmo que eu dissesse que era para maiores de 16 e eu só assisto porque tenho 16, como se isso importasse e como se ele realmente tivesse dado bola. Acontece que nesse mesmo dia, já à noite, ele veio com a tia aqui para minha casa. Minha mãe e minha tia conversando, ele perguntando que horas eram de 5 em 5 minutos porque não queria perder o episódio, até que eu digo: "que tal a gente ver agora? Procuro um site de séries." Assistimos ao primeiro episódio e tudo bem, ele foi para casa. Hoje pela manhã, chegando lá na casa dele, a primeira coisa que eu escuto é um: "Luana, eu tive um pesadelo com zumbis!".

Pois é. Não estou preparada para ser mãe tão cedo. Mas é vivendo e aprendendo.
Para que vocês não pensem que eu só faço besteira (ok, até eu penso isso), também sei brincadeiras educativas como a nossa competição de desenhos. E mais: disse veemente que não pintava no caderno novo da escola!

A minha - perdedora

A dele - ganhadora (mesmo que ele tenha errado os cálculos dos votos, mas tudo bem).

P.S: Não esqueci que o blog completou dois lindos anos de existência no dia 4.

3 comentários:

  1. Ser criança é o máximo, temos que ensiná-los a aproveitar tudo o que aproveitamos e fizemos ou não. Beijos

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  2. Nós temos mesmo que dar bons exemplos aos mais novos.
    E isso me lembra uma vez em que estava cuidando de duas primas e coloquei aquela imagem que o carro vai virando a esquina e aparece a cara da menina do exorcista. HUAHUAHUAHA
    Nunca vi uma criança gritar tanto.
    Sorte minha que elas não tiveram pesadelos. Isso não se deve fazer também huaha.
    Beijos

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  3. Oi, Luana!
    Você é muito paciente, viu? Eu não conseguiria passar por esse monte de aventuras com uma criança. Ia morrer de vergonha na escada rolante e acabar descontando nele, tadinho.
    Mas é bom você ir anotando essas dicas pra quando realmente precisar. Crianças são difíceis.
    E achei o desenho dele de um primor artístico. Nem tem contornos! Muito impressionista. hahahaha
    Beijo!

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